Belas e escrachadas, elas são da nova geração de comediantes da internet
Pelo jeito espontâneo e desbocado é difícil acreditar, mas a paulistana Ana Beatriz Napolitano, 30, a @BiaNapolitano, é advogada. Depois de dez anos de carreira no departamento jurídico de grandes empresas e prestes a abrir seu próprio escritório, ela decidiu mudar radicalmente depois de um vídeo seu viralizar.
"Estava na Alemanha, no meio de uma viagem a trabalho com o meu marido, que também é advogado, e publiquei um vídeo dançando loucamente, feliz, porque finalmente tinha comido um japa após passar dias comendo comida alemã. Bombou! Aí me sugeriram abrir meu Instagram, que era privado, e aumentar o alcance das minhas palhaçadas. Assim fiz. Patrocinei alguns vídeos e fui aumentando a frequência e o alcance das publicações. Perfis de comédia me descobriram, outras pessoas foram me conhecendo e tudo foi fluindo", explica ela, que em apenas seis meses arrebatou mais de 180 mil seguidores na rede social e tem sido escalada para campanhas publicitárias.
"Por fora eu tava séria, por dentro eu era uma retardada"
"Eu sempre tive esse jeitão e todo mundo dizia que a advocacia não tinha nada a ver comigo. Em audiências eu via aquela situação séria e imaginava todo mundo pelado. Em reunião com CEO da empresa eu ficava pensando: 'cara, será que se eu desse um tapa na careca dele e saísse correndo ele ia ficar muito puto?'. Quando eu via, eu tava imaginando cenas absurdas na minha cabeça. Por fora eu tava séria e conduzia com muita responsabilidade meus processos, mas por dentro eu era uma retardada. Quem me conhecia de verdade não me via naquela seriedade pra sempre", revela Bia, que cria os próprios vídeos, nunca fez aulas de teatro e atua instintivamente.
"Tem gente que fala pra fazer curso, pra aperfeiçoar, e outros que sugerem não fazer pra não pegar vícios. Não tenho ideias de técnicas nem de nada, e muitas vezes vejo gente comentando no Instagram 'você viu que ela usou a técnica não sei o quê?', eu penso 'oi, turo bom?'. Faço o quem vem na cabeça."
Em Santos, litoral paulista, Lizandra Souza, 24, começou a escrever sobre seu dia a dia despretensiosamente, no Twitter, até que suas frases começaram a pipocar em diversas páginas de humor. "Ganho dinheiro, mas não muito. Não é a minha renda principal. Sou cuidadora, não tem nada a ver com as minhas redes. Eu sou uma anja", brinca ela, que no microblog recebe para comentar séries e premiações.
– Ai, tá muito difícil não falar uma graça pra ti! – provoca Liz.
– Pode falar, mas periga ir pro texto. – rebato.
– Que medo! Vou segurar porque eu sou canceriana.
– O que não puder ir pra entrevista você fala "isso é em off".
– Pode tudo, não ligo. – responde a autora de pérolas como:
"Todo mundo já sofreu da síndrome do bote errado. Tu pega um boy e depois descobre que ele tem um amigo que é muito mais tua cara." (Curtido por mais de 22 mil pessoas)
"Única certeza que a gente tem na vida é a morte e que a pessoa que falou que não tava pronta pra um relacionamento vai aparecer namorando outra apaixonadíssima em menos de três meses" (Curtido mais de 14 mil vezes)
"A vida da mulher bissexual é basicamente fazer homens sofrerem e sofrer por mulheres"
"Queria que gostassem mais de mim pelo que sou do que pela minha bunda linda & macia"
"Sou uma puta mulher doida e desorganizada"
As piadas sobre o corpo e a vida pessoal escondem uma certa timidez: @Legalizandra, que tem a voz naturalmente rouca, não é afeita a vídeos e quase nunca sorri para fotos. "Sempre fui assim, meio 'marrentona', desde pequena. Mas é só foto, né?! Quem me vê pessoalmente sabe que eu sou uma retardada. Quando saio, volto pra casa com cãibra, de tanto dar risada."
Apesar de ensaiar seu show de stand up durante o banho, ela nega que esteja nos planos levá-lo aos palcos no momento, assim como abrir um canal no YouTube: "Queria, mas eu sou uma puta mulher doida e desorganizada, sabe?! E também tenho medo de perder o contato que eu acabei criando com as pessoas, que é uma parada mais informal, à vontade. Tenho a impressão de que a galera 'cresce' demais, ganha dinheiro e fica mecânica, saca?! Não fala mais o que tem vontade ou só fala se tiver vendendo algo", expõe ela, que tem mais de 55 mil seguidores no Twitter e dez mil no Instagram.
– Quer complementar? – pergunto, ao fim da entrevista.
– Não, tu acha que precisa? – responde Liz.
– Não, pra mim tá bom.
– Então tá baummm!.. Ai, que mico! Eu fui cafona? Eu falei do coração.
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