Meu mundo caiu: "Ela ligou pra contar que vai se casar com outra. E agora?"
Dias atrás minha amiga descobriu que a ex, com quem namorou por quase dez anos, vai se casar. Aliás, não descobriu, a ex ligou contando. As duas não se falavam desde o fim do relacionamento. A notícia pegou minha amiga de surpresa e desceu rasgando. "Eu estava muito bem. Agora não estou mais", comentou, borocoxô.
Apesar de não se seguirem nas redes sociais, a ex, que agora é noiva de outra, fez questão de monitorar as publicações da minha amiga após o telefonema. Sim, a presença dela ficou registrada em todos os stories do Instagram da Mariana*, a minha amiga. Fiquei confusa por uns instantes. Metade de mim quis cantarolar "num cantinho rabiscado no verso ela disse: 'Meu amor, eu confesso, estou casando, mas o grande amor da minha vida é você'", já minha outra metade quis chamar a mulher de sádica – e foi a essa que obedeci, num lampejo de sensatez. A desculpa do "te liguei para que você soubesse do meu casamento por mim", pra mostrar um pretenso zelo, foi pras cucuias com essa stalkeada pavorosa.
Encarando a verdade
"É mais fácil olhar para trás e enxergar um relacionamento perfeito, cheio de momentos especiais e juras de amor que encarar a verdade: as coisas não eram tão bonitas assim. Os momentos de raiva, ciúme e solidão compartilhada – aquela que bate quando duas pessoas que estão juntas se sentem sozinhas, o cérebro deleta de seus arquivos. 'Por que ocupar espaço com memórias ruins se as boas são tão melhores?!', estabelece, sobre todas as lembranças desagradáveis da vida. É assim que ele nos impulsiona a levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima na maioria das vezes. Na maioria. Nos casos do coração, esquecer ou ter apenas uma vaga lembrança de todos os episódios dolorosos é um empurrão ladeira abaixo. O cérebro nos trai, com a melhor das intenções", expliquei à Mari, com algum embasamento científico e não exatamente com essas palavras, já que estávamos num bar e eu tinha tomado um chopinho.
"E se..?"
Aérea, impactada pela ressurreição da ex, ela disse que o que mais a incomodava era o papel. "Que papel, Mariana?!", perguntei, ainda com bigodinho de espuma, já que dar um gole direito era menos urgente que intervir. "A certidão, cara! Ela vai assinar um documento com a outra lá! Podia ser eu!.. Fiquei pensando nisso. E se eu tivesse feito outras escolhas?!", replicou.
Não pra mim, mas pra si mesma. Como se estivesse acompanhando, a dois palmos do rosto, a exibição de um filme com a história que viveram. "Mari, se as suas escolhas tivessem sido diferentes, muito provavelmente hoje você estaria perguntando como teria sido se tivesse feito outras escolhas", respondi. E emendei comentando sobre um meme que vi há pouco tempo: "existe o amor da sua vida (cerveja) e o amor pra sua vida (água)". Rimos juntas e brindamos. "Garçom! Traz mais um, por favor?"
*Nome fictício para preservar a identidade real.
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