Blog da Morango http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela! Wed, 23 Sep 2020 07:00:45 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Os segredos inimagináveis de um submisso http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/09/23/os-segredos-inimaginaveis-de-um-submisso/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/09/23/os-segredos-inimaginaveis-de-um-submisso/#respond Wed, 23 Sep 2020 07:00:45 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5285

“Eu queria sentir como é ser comido por uma mulher com um cintaralho” (Foto: Reprodução/Twitter)

“A submissão pra mim é um fetiche. Na vida real, as mulheres definitivamente me querem ou me desejam como dominador ou líder”, dispara Thiago*.

A declaração, que soa meio narcisística, tem algum fundamento: aos 38 anos de idade e com 1,80m de altura, o educador físico tem traços muito semelhantes ao do ator Jamie Dornan, estrela de “50 Tons de Cinza”. Isso explica parte do seu sucesso com as mulheres. Até a página dois.

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“Ela disse que nunca mais me enxergaria como homem”

“Eu queria sentir como é ser comido por uma mulher com um cintaralho. Ficar de quatro e levar dela mesmo, em todas as posições”, conta ele, que foi casado por três anos.

“Tentei com minha ex e com algumas ficantes, mas elas acharam bizarra a ideia, e eu desisti. Lembro quando minha ex disse que toparia me dominar, mas que depois disso nunca mais me enxergaria como homem. Aquilo foi um baque pra mim”, recorda.

Thiago assistiu ao primeiro filme pornô com dominação feminina e inversão de papeis aos 19 anos. A reação inicial foi de repulsa: “Achei nauseante”, recorda.

“Aos poucos, foi parecendo excitante ser abusado por uma mulher. Me entregar 100% a uma experiência. Passei a curtir”, relata. A partir de então, os desenhos que Thiago fazia por hobby desde a adolescência e tinham temáticas bélicas e místicas, passaram a ser eróticos. “Afloro meu fetiche nos desenhos. Adoro desenhar mulher com um pau.”

Thiago expõe seus desenhos no Twitter desde 2017 (Imagem: Reprodução/Twitter)

Sexo virtual

As experiências de Thiago como submisso foram todas virtuais, com mulheres que ele conheceu em salas de bate-papo e aplicativos de relacionamento. Os comandos eram dados por vídeo, pela webcam.

“Elas me mandavam escrever o nome delas no meu corpo, me faziam ficar de quatro e me penetrar, rebolar… Me xingavam, me mandavam beber o próprio gozo… Eu cumpria ordens. Teve uma que me fez enfiar uma escova de dentes. Com pasta ainda. Outra me fazia bater meus sapatos nas bolas”, conta.

Para Thiago, uma das experiências mais inesquecíveis foi ter sido “comido” por duas mulheres ao mesmo tempo. “Elas eram lindas. Primeiro, pediram pra ver minha bunda. Depois, queriam me ver de quatro. Então me mandaram abrir bem a bunda. Aí pediram pra fazer um movimento de abrir e fechar. Depois queriam que eu me penetrasse. Queriam dedos e, no final, me mandaram gozar num copo e beber. Eu tremia de tesão com a maldade delas. E também pelo fato de ser a puta delas”, relata.

Sobre sexo virtual: “Pra maioria não mostrei o rosto, mas já me arrisquei. Por sorte nunca me expuseram” (Imagem: Reprodução/Twitter)

“Eu não tenho tesão nenhum no cu. O meu desejo em inversão é todo voltado à mulher, nela sendo dominadora. Sem o elemento feminino, a penetração perde toda a graça pra mim”, explica, sobre a ausência de desejo por homens.

Desejo x vaidade

“Sempre fiz de tudo pra tentar um encontro real. A maioria morava longe, e as de perto não queriam. Me dominavam e humilhavam, depois descartavam. Eu ficava triste, mas respeitava. Já ficava feliz pela oportunidade.”

Thiago jura que só não contratou uma dominatrix ainda por vaidade. “Gosto de ser desejado. Acho as dominadoras profissionais um tesão, mas ter que pagar quebra o clima. Queria ter a experiência com uma mulher que morresse de tesão em mim, com sexo fetichista, como elas morrem no convencional”.

No Twitter, onde é popular e tem 4.000 seguidores, ele expõe seus desenhos feitos à caneta esferográfica, como esses que ilustram a matéria. “Afloro meu fetiche nos desenhos. Talvez porque não realizei. Adoro desenhar mulher com um pau.”

Apesar de viver intensamente seu erotismo, o Jamie Dornan brasileiro é surpreendentemente tradicional: “Pretendo me casar novamente. Quero ter filhos, só preciso me estabilizar mais. Quero amar de novo”.

* Pseudônimo para, a pedido do entrevistado, preservar sua real identidade.

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Amor em tempos de pandemia: três casais que se apaixonaram na quarentena http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/09/16/amor-em-tempos-de-pandemia-tres-casais-que-se-apaixonaram-na-quarentena/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/09/16/amor-em-tempos-de-pandemia-tres-casais-que-se-apaixonaram-na-quarentena/#respond Wed, 16 Sep 2020 07:00:29 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5268

A empresária Gleice Alves (à frente) e a personal trainer Kelly Pinheiro estão juntas há quatro meses e já planejam o casamento (Foto: Arquivo Pessoal)

Gleice e Kelly, de Florianópolis. Luiz e Skye, de Manaus. Diego e Patrícia, de Belo Horizonte. O que esses três casais têm em comum é o amor. Eles se apaixonaram durante a quarentena.

Todos conheceram seus respectivos mozões antes da pandemia; mas mantinham, basicamente, relações de amizade.

O que mudou completamente o rumo de cada uma dessas três histórias foi a escolha por estarem juntos nesse momento.

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Gleice e Kelly

“Terminei um namoro no começo do ano e tinha decidido ficar solteira por um bom tempo. Apesar disso, instalei o Tinder pra gastar alguns xavecos com pessoas de cidades vizinhas. Meses depois, já durante a quarentena, uma amiga me convenceu a limitar o alcance do aplicativo. Aí dei match com a Kelly. Estávamos a menos de um quilômetro de distância”, lembra a empresária Gleice Alves, de Florianópolis, sobre o início do relacionamento com a personal trainer Kelly Pinheiro.

Gleice e Kelly: “Somos vizinhas e já estivemos em muitos rolês juntas, mas nunca tínhamos nos notado” (Foto: Arquivo Pessoal)

“Já tínhamos nos visto em vários rolês, desde 2013. Ela tem um cachorro cadeirante e, como somos vizinhas, sempre a via com o doguinho. Depois do match, começamos a conversar e marcamos um pôr do sol. Como boa lésbica que sou, levei no primeiro encontro um pavê, que é a sobremesa que ela mais gosta. No segundo, ela levou jaboticaba,  minha fruta preferida – e nem era época de jaboticaba. Depois disso ficamos em isolamento total por 24 dias, só na troca de nudes e de músicas de Anavitória e Lagum. Após esse período, apaixonadas, começamos a namorar. Quatro meses se passaram desde então e seguimos planejando o futuro com casa, casamento e lua de mel”, entrega Gleice.

Luiz Guilherme e Skye

“Durante muito tempo ficamos com receio de ‘estragar a amizade’”, conta Luiz Guilherme (à frente) (Foto: Arquivo Pessoal)

Luiz Guilherme e Skye também se conheceram pela internet, quatro anos atrás. Ficaram algumas vezes e acabaram se tornando amigos. Até a pandemia.

“Ele se aproximou muito da minha família e estávamos sempre juntos, não só nos momentos festivos, mas também nas dificuldades. Durante muito tempo ficamos com receio de ‘estragar a amizade’. No meio da pandemia, entretanto, vimos o quanto a vida pode ser curta e, após três meses sem nos vermos, nos encontramos em uma noite de sábado (sob forte proteção, com máscaras etc.) e nos pedimos em namoro ao mesmo tempo. O auge da reciprocidade”, conta o jornalista Luiz Guilherme, de Manaus, sobre o namoro com vendedor Skye Rebelo.

Diego e Patrícia

Em Belo Horizonte, Diego e Patrícia decidiram tentar a sorte num aplicativo de paquera. “Demos match no dia 5 de fevereiro deste ano. Conversei com ela mesmo achando que era fake”, conta o engenheiro, às gargalhadas. “Eu pensava: ‘por que uma mina maravilhosa dessas tá rendendo conversa comigo?’. Passamos uns dez dias conversando e combinamos de encontrar num bar de rock”, detalha ele.

Patrícia, que estava solteira há poucos meses, experimentava o app quando conheceu Diego.

“Conversamos bastante, então aí ele já começou ganhando pontos, porque eu valorizo conversas agradáveis. Vi que não era só um rostinho bonito. Acho importante dizer que tudo isso ocorreu numa fase turbulenta da minha vida – e nem cheguei na pandemia ainda! –, pois eu havia saído de um casamento. A decisão pelo fim do relacionamento foi fácil; difícil foi – e ainda está sendo – lidar com os estragos”, explica ela.

“Acabei me apaixonando por ela não só pela beleza, mas por ser uma pessoa que nunca desiste da gente, que faz de tudo pra agradar e que sempre me apoia. Acho que nunca encontrei alguém que fosse tão legal comigo quanto ela é em toda minha vida. Eu consigo ver nas atitudes dela o quanto ela gosta de mim e eu dou muito valor pra isso, porque neste período ela não me vê arrumado, em plena dieta e na rua. Muito pelo contrário: ela me vê bagunçado, de pijama, acima do peso e surtado por conta de seis meses em casa”, declara Diego.

“Ela gosta de mim pelo que eu sou. Está assistindo de camarote todos os meus defeitos e está do meu lado, e isso é uma das coisas que eu mais valorizo nas pessoas”, declara o engenheiro civil Diego Victor Cezar (Foto: Arquivo Pessoal)

Patrícia Zorzi, que é advogada, salienta que o namorado é diferente de todas as pessoas que ela já conheceu, mas vê nisso uma vantagem. “Isso explica as inúmeras discussões (risos). E também me desafia. Fora que esteve comigo numa sequência de eventos turbulentos na minha vida me ouvindo, tentando fazer com que eu recuperasse minha energia e minha auto estima. Não posso dizer que já alcancei esse patamar, mas ele tem ajudado muito! É uma pessoa realmente especial. Não foi um simples match, foi alguém que Deus enviou para mostrar que independentemente de um relacionamento a dois propriamente dito, a vida não parou, que ainda existe honestidade, boas parcerias e bons seres humanos.”

Fim dos jogos de desinteresse

A psicóloga Fernanda Portela explica que não há diferença entre os relacionamentos que começaram antes da quarentena e os que aconteceram durante esse período, mas que houveram mudanças.

“O distanciamento social serviu para eliminar os jogos de desinteresse (como demorar para responder, por exemplo). Fez com que as pessoas fossem mais sinceras e não tivessem tanto medo de se conectar. A troca com o outro serve de bálsamo, um acalento para o sofrimento que é se manter isolado de pessoas amadas”, pontua.

Futuro

Para Fernanda, é importante que o diálogo construído nos relacionamentos se estenda. “Se conseguiram se adaptar à quarentena e ao isolamento, precisam generalizar essa habilidade de adaptação a outras adversidades que podem surgir na convivência. Quando caminharmos para o ‘novo normal’, as relações que sobreviveram a este período de quarentena vão sair mais fortalecidas; e os casais, mais unidos.”

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“Nós, pessoas trans, precisamos dos nossos corpos na tela”, declara atriz http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/09/09/nos-pessoas-trans-precisamos-dos-nossos-corpos-na-tela-declara-atriz/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/09/09/nos-pessoas-trans-precisamos-dos-nossos-corpos-na-tela-declara-atriz/#respond Wed, 09 Sep 2020 07:00:48 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5246

A atriz Anne Mota, protagonista do filme “Alice Júnior” (Foto: Reprodução/Instagram)

Quando era adolescente, Anne Mota, 22, sonhava em ser modelo de passarela. “Como as Angels da Victoria´s Secret”, recorda.

Aos 17, entretanto, ao procurar uma agência, descobriu que não tinha altura suficiente para a carreira: seus 1,68m estavam abaixo da medida mínima exigida para mulheres, que é de 1,75m. “Disseram que eu não tinha altura pra ser modelo, mas que eu seria uma ótima atriz.” 

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Mulher trans, ela criou uma página de empoderamento transcentrado

“Sou reconhecida dentro da minha categoria de gênero”, celebra mãe trans

“Sou um homem com peitos, cadeirante e trans. Não nasci no corpo errado”

Começo no YouTube

Com o feedback da agência em mente, Anne criou um canal no YouTube, o Transtornada, para se expressar e militar pela causa trans. Pouco tempo depois ela, que é de Recife, soube de uma seleção para atrizes trans em Curitiba, a mais de 3 mil quilômetros de distância, e decidiu tentar.

“Se interessaram pelo meu perfil, começaram um contato via e-mail, depois por Skype e então compraram minha passagem para Curitiba, pra fazer um teste lá. Após duas semanas bem intensas, fui a escolhida para interpretar Alice Júnior”, conta a protagonista.

Cartaz de “Alice Júnior” (Imagem: Reprodução/Instagram)

“Alice Júnior”

O longa traz a história de Alice Júnior, uma adolescente trans que é youtuber e tem a vida colocada de cabeça para baixo quando se muda de Recife para uma cidade no interior do Paraná. Lembra a saga da própria Anne? Bastante. E as semelhanças não são meras coincidências.

Cena de “Alice Júnior” (Imagem: Reprodução/Instagram)

“Diversas falas minhas foram parar no filme”

“Me tornei também produtora associada do filme, porque eles necessitavam da minha vivência pra história ficar um pouco mais real. Diversas falas minhas, de entrevistas que eles fizeram comigo, foram parar no filme. Algumas vivências, também. Enquanto a gente fazia as leituras de roteiro, eu fazia minhas observações. Pelo roteiro ter sido escrito por um homem cisgênero (pessoa cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído no nascimento), faltava um pouco da pitadinha trans”, revela a atriz, sobre o roteiro de Luiz Bertazzo.

Numa dessas cenas, por exemplo, um garoto, amigo de Alice, diz: “‘você nem parece ser trans’, que foi uma coisa que já aconteceu muito comigo. E a correção que eu fiz, e que serviu como resposta da Alice pro garoto é ‘o que é parecer ser trans?’. Eu sou mulher, independente de qualquer coisa ou de qualquer aspecto de beleza física. Eu sou mulher e ponto. Quando você diz ‘você nem parece ser trans’ é como se tivesse colocando ser trans como sinônimo de algo feio”, explica.

Aos 12: “Mãe, eu sou trans”

Anne se entendeu trans aos 12 anos de idade, após assistir ao documentário “My Secret Self” (Meu Eu Secreto), que traz as histórias de algumas crianças trans.

“Depois de achar esse documentário eu fazia anotações, pesquisava a vida dessas crianças. Era uma coisa bem louca. Depois de um mês, resolvi mostrar esse documentário pra minha mãe. Me reuni com ela, no quarto dela, mostrei o documentário e falei: ‘mãe, eu sou trans’. Ali eu já tinha uma concepção maior do que era ser trans, já existia um termo no qual eu me sentia representada.”

Anne lembra que o fato de ter outra pessoa LGBT na família, um tio, que é gay, tornou as coisas mais fáceis. “Minha mãe já pensava que eu seria uma criança viada, mas não foi bem isso”, brinca.

Com o prêmio de melhor atriz por Alice Júnior, concedido pelo Festival Mix Brasil de Cinema (Foto: Reprodução/Instagram)

Liberdade artística x representatividade

Sobre o fato de ser uma mulher trans interpretando uma personagem trans, um tema ainda polêmico no meio artístico, Anne dispara: “Acho que assim como o blackface tem o contexto histórico, que diz que pessoas negras são incapazes de se representarem, de atuarem, o transfake diz a mesma coisa. E é ainda mais drástico quando um homem cisgênero interpreta uma mulher trans. É transfóbica a ideia de que a mulher trans é a caricatura de uma mulher ou é a representação de um gay afeminado. Nós somos mulheres e temos nossa própria identidade, a identidade de mulheres trans.”.

E completa: “A gente precisa que essa liberdade artística pare um pouco pra pensar que nós, pessoas trans, precisamos dos nossos corpos presentes na tela. Enquanto nossos corpos ficarem sendo representados por pessoas cisgêneras, nossa presença na sociedade não vai ser naturalizada, não vai ser humanizada. E quando nosso corpo está presente vai mostrar pra sociedade que, sim, pessoas trans existem, resistem, estão presentes e são capazes. O impacto de uma pessoa trans jovem vendo uma pessoa trans adulta ali na tela é muito forte.”

Claquete de “Alice Júnior” com homenagem à protagonista: Anne celebrou o aniversário de 19 anos durante as gravações do filme, em 2017 (Foto: Reprodução/Instagram)

Estreia nacional

Além de exibições em cinemas drive-in de São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Curitiba, o longa também poderá ser visto a partir do dia 11 deste mês nas plataformas digitais Now, Vivo Play, Oi Play, Youtube Looke, iTtunes e Google Play.

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Eles são um trisal com o relacionamento aberto: “Dá pra trabalhar o ciúme” http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/09/02/eles-sao-um-trisal-com-o-relacionamento-aberto-da-pra-trabalhar-o-ciume/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/09/02/eles-sao-um-trisal-com-o-relacionamento-aberto-da-pra-trabalhar-o-ciume/#respond Wed, 02 Sep 2020 07:00:36 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5234

Igor Almeida, Íris Ribeiro e Isane Farias (Foto: Reprodução/Instagram)

Isa e Íris se conheceram na despedida de solteira de uma amiga em comum – e se apaixonaram. Isa, que é arquiteta, já namorava o Igor. Íris, que é psicóloga, também tinha um namorado.

O que para muita gente seria um dilema, para os dois casais era algo absolutamente comum: os quatro já tinham vivido relações poliamorosas antes.

“Os familiares ainda estão digerindo. Principalmente a galera um pouco mais velha, que ainda tá nesse processo mesmo de entender, aceitar, mas não é algo que tem criado tantos transtornos”, diz Íris (Foto: Reprodução/Instagram)

Novas experiências

O envolvimento a quatro começou em outubro do ano passado e durou alguns meses até que Íris e o namorado terminaram. O trisal se manteve.

“Eu e Igor decidimos abrir nosso relacionamento não por uma busca, mas no sentido de não nos privarmos caso acontecessem encontros que poderiam acontecer na vida”, conta Isa.

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Igor salienta o interesse por novas experiências como ponto crucial para a decisão conjunta. Ele e Isa namoram há 11 anos. “Existia uma vontade de incluir uma terceira pessoa ou um casal e viver uma experiência nova, diferente. Mas não foi algo que a gente foi em busca. A gente abriu a relação para permitir que algo acontecesse e as coisas aconteceram.”

“Nunca tínhamos vivido um trisal”

Ter um relacionamento aberto é diferente de viver um trisal. Essa, aliás, tem sido uma novidade para os três.

“Quando eu os conheci, eles tinham um relacionamento aberto. Eu me envolvia com outras pessoas, meu namorado também, mas não vivíamos um trisal. Nunca tínhamos vivido um trisal. A gente conheceu Isane e Igor, nos envolvemos, os quatro, e quando o meu relacionamento terminou, ficamos nós três e nos configuramos como trisal”, explica Íris.

A relação a três, inédita para eles, foi recebida com euforia pelos amigos e tem causado frisson nas redes: em apenas três meses o perfil do trio no Instagram já tem quase mil seguidores. Além de fotos e detalhes da rotina, eles compartilham textos e vídeos sobre relacionamentos poliamorosos. E também respondem às dúvidas – muitas vezes picantes – sobre o assunto.

No Instagram, o trisal responde às mais diversas perguntas e dá dicas de relacionamento  (Foto: Reprodução/Instagram)

Ciúmes a três, existe?

“A principal pergunta que fazem é com relação aos ciúmes. Se quando duas pessoas saem para um passeio, ou se vão ter relações sexuais só entre duas, se a outra fica com ciúmes. Sempre fazem essa pergunta. E é uma coisa muito tranquila, a gente não tem ciúme de nós três. E nem ciúme de uma pessoa de fora. Além de ser um trisal, a gente tem um relacionamento aberto. Às vezes chega o ciúme, mas a gente consegue trabalhar para que ele não afete a nossa relação”, diz Isa.

“É super possível ter um relacionamento dessa maneira e ser confortável. Acho que é preciso estar num relacionamento já bem sólido, bem maduro, e as pessoas estarem conscientes do que querem, dos motivos por estarem abrindo a relação, e não buscar abrir porque o relacionamento está ruim”, observa Igor.

“Mesmo num relacionamento monogâmico você pode se apaixonar por outra pessoa” 

E completa: “A gente já viveu outros processos de autoconhecimento, de busca interior, e aprendemos a reconhecer os sentimentos que chegam. Você está suscetível a se apaixonar, a sentir ciúmes, sabe?! Mesmo num relacionamento monogâmico você pode se apaixonar por outra pessoa ou sentir ciúmes do seu parceiro.”.

O trisal vive em  em Salvador/BA (Foto: Reprodução/Instagram)

Leveza e crescimento

Para Íris, em um relacionamento a três os processos são mais intensos e positivos. “A gente se permite se conhecer mais. Além dos aspectos mais sutis, de brincadeiras, da nossa rotina na faxina, na divisão de contas… Em três a gente percebe que soma bastante e deixa as coisas mais leves. Um ponto negativo, que é um pouco do que a gente trouxe do positivo, é quanto à disponibilidade, principalmente nos momentos de resolver os conflitos. Conversar e ouvir as opiniões diferentes demanda mais do que quando só é a dois, mas gente vê o quanto isso faz a gente crescer.”

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Ao se descobrir lésbica, ela abandonou noivado aos 35; aos 60, é drag queen http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/08/26/ao-se-descobrir-lesbica-ela-abandonou-noivado-aos-35-aos-60-e-drag-queen/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/08/26/ao-se-descobrir-lesbica-ela-abandonou-noivado-aos-35-aos-60-e-drag-queen/#respond Wed, 26 Aug 2020 07:00:42 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5221

“Sou resistência”, celebra Ana Cristina de Sá, a Anitta Volcano (Foto: Reprodução/Instagram)

Desde pequenininha, Ana Cristina de Sá, a Anitta Volcano, tinha paixão pelos holofotes. Atuava nas peças de teatro da escola, tocava violão, participava do coral. O encantamento pelo palco era, também, um reflexo da admiração pelo pai, o locutor Alfredo Gramani, estrela do rádio e da TV da década de 1950.

Infância estrelada

“Em casa, a gente sempre preservou muito a cultura. A gente conhecia os artistas e aquele mundo sempre me fascinou”, conta. Nair Bello, Lima Duarte e Adoniran Barbosa eram alguns dos ícones que trabalhavam com o pai.

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Na adolescência, entretanto, ao invés do teatro, Ana escolheu a enfermagem, a psicologia e a pedagogia. Tem as três graduações. E foi justamente num grupo de estudos que uma declaração inesperada mudou completamente a sua trajetória.

“Sou uma pessoa de 60 anos de idade, vivi a minha infância nos anos 1960 e 1970. Era absolutamente impensável a questão da homossexualidade” (Foto: Reprodução/Instagram)

Descoberta aos 35

“Eu tinha 35 anos, ia me casar com um rapaz e fazia parte de uma lista de discussão de doutoras da minha área de atuação. Um dia, uma delas falou que estava apaixonada por mim. Fiquei muito brava! Imagina?! Eu tava noiva, namorava há dois anos e meio, tinha carta de crédito pra comprar uma casa, e nunca me dei mal com os homens. Mas pensei: ‘Epa! Espera aí! Se eu tenho essa dúvida, se fiquei tão brava, vou verificar o que é isso’. Acabei me encontrando com essa doutora, que era do Rio de Janeiro, e aí rolou. É legal com os dois, com homem e com mulher, mas os hormônios corriam de uma forma muito mais interessante com mulher. Aí vi que a minha orientação era essa”, revela.

“Você é lésbica?”

“Depois de desfazer o noivado, um dia tava vendo TV e minha mãe perguntou: ‘Filha, você é lésbica?’. Eu respondi que sim e continuei vendo a televisão. Sabe a história do ‘meu mundo caiu’? Aquela mulher moderninha, bacana, socialista… Mas a culpa… Os pais sempre sentem culpa”, lembra Ana, sobre a reação inicial da mãe.

“Acho que o medo da minha mãe era daquele estereótipo. Na nossa família nunca tinha tido uma pessoa que desenvolvesse uma relação homoafetiva. Anos depois, o que rola: minha sobrinha mais nova também se descobriu lésbica e está morando com a namorada lá na casa do meu irmão. Você vê, né?! Acho que comecei a linhagem aí”, brinca.

E conclui: “Ou muitas pessoas podem ter se reprimido no passado. Não se falava sobre o assunto nos anos 1940, 50, 60. Eu já peguei 1960, 70. Já tinha tido um pouco de libertação feminina. Por mais que tenha sido um pouquinho difícil pra minha mãe e pro meu pai, no final eles aceitaram na boa.”.

Família Volcano: Cléo, Ana e o cãozinho Max (Foto: Reprodução/Instagram)

Ana foi casada durante dez anos com a primeira mulher, depois por 11 com a segunda e, agora, celebra o relacionamento com a atual companheira, Cléo. As duas se conheceram por um aplicativo de paquera.

“Quando sentamos pra conversar, descobrimos que nascemos no mesmo dia, mês e ano: 29 de setembro de 1959! E nossos pais são parecidos, é uma coisa louca isso! Nosso amor estava escrito nas estrelas! Cléo é uma pessoa muito tranquila, calma e querida. É uma pessoa que me traz paz.”

“Baby drag”

Enfermeira aposentada, Ana é tão apaixonada pela arte drag que convenceu a namorada a participar. “Sou uma baby drag, comecei ano passado. Fui tão bem aceita que isso me empoderou. Eu era mais tímida. A Anitta, quando vem, é essa mulher que não tá nem aí. Ela aperta o botãozinho do ‘foda-se’ e vai em frente”, explica, sobre sua personagem.

Ana e Cléo, ou melhor, Anitta Volcano e Sophia Volcano, no palco da festa paulistana Fejão (Foto: Reprodução/Instagram)

Anitta é o nome da avó. Volcano, uma referência ao trecho de Call Me When You Get This, música de Corinne Bailey Rae: ‘these little volcanoes came as a surprise to me’ [esses pequenos vulcões surgem como uma surpresa para mim].

Para Ana, ser drag é ser resistência. “Sou mulher, 60 anos de idade, lésbica e drag queen. Criei o projeto ‘Haus of Volcano’, para reunir mulheres acima dos 50 anos que queiram conhecer a arte drag. Esse projeto consiste em oficinas sobre a arte drag e culmina com uma festa. Pra quem quiser contiuar, nossa proposta é ir a escolas para fazer palestras, mostrar a arte drag e falar sobre inclusão e diversidade.”

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Como tirar sua carteirinha de sapatão http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/08/19/como-tirar-sua-carteirinha-de-sapatao/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/08/19/como-tirar-sua-carteirinha-de-sapatao/#respond Wed, 19 Aug 2020 07:00:15 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5208

O casal podcaster Duda (à esquerda) e Mareu (Foto: Reprodução/Instagram)

Como tirar sua carteirinha de sapatão? Eu adoraria responder que o processo é simples, como um teste vocacional, com um levantamento de aptidões e interesses, mas não é.

Também não é como na autoescola, onde depois de umas aulas teóricas, outras práticas e alguns exames, a habilitação chega linda num envelopinho em casa.

Identidade

Neste, que é o Mês da Visibilidade Lésbica, brincar sobre a existência de uma carteirinha de sapatão é só um jeito leve de abordar um assunto tão denso.

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Além de questionamentos e conflitos internos, muitas vezes enfrentamos rejeição, lesbofobia e violência no seio familiar, na sociedade e até dentro da própria comunidade LGBTQIA+.

Afinal, quem pode determinar a orientação sexual de uma mulher? Só ela mesma. E assumir essa identidade, para além de uma escolha pessoal, é um ato revolucionário.

Parachoque de Monstro

Há exatamente um ano, inspiradas pelo Mês da Visibilidade, Nay, Jaque, Mareu e Duda estrearam o Parachoque de Monstro, um podcast que põe a vivência lésbica em pauta.

De lá pra cá foram 40 programas, dezenas de milhares de plays e muita troca de informações e experiências. “Mais do que um projeto pessoal, se tornou uma rede de apoio pra muita gente. E por ter consciência dessa responsabilidade, o podcast só me fez melhorar como pessoa e como sapatão. Tive que começar a me informar muito mais, já que entendi que a minha voz – juntamente com as das meninas – tinha relevância na vida de outras pessoas”, conta Duda Zacaro, 29, de São Paulo.

Duda, sobre o Mês da Visibilidade Lésbica: “Temos sempre que lembrar das mulheres que lutaram pra estarmos aqui onde estamos, além de ser uma celebração de quem eu sou, de quem eu amo, da existência da minha família” (Foto: Reprodução/Instagram)

Resistência

“O Mês da Visibilidade Lésbica é mais um mês em que mostramos que existimos, resistimos, amamos e lutamos. É a tentativa de uma reparação social com as sapatonas que são excluídas e invisibilizadas o ano todo. Para além do Mês da Visibilidade, todo dia é uma resistência, um ato político”, observa a podcaster e produtora executiva de moda Nayda Rodrigues, de 25 anos, a Nay, que se entendeu lésbica aos 16.

“Eu sentia uma inquietação meio inexplicável, mas nunca quis ouvir essa voz querendo me dizer que tava tudo bem não seguir a norma. Então, aos 18, quando saí de casa, mudei de cidade e entrei na faculdade, pude me entender como mulher lésbica e enxergar um mundo totalmente diferente do que eu conhecia”, completa.

Jaque (à esquerda) e Nay se casaram no ano passado, na Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo (Foto: Reprodução/Instagram)

Podcaster e fotógrafa, Jaqueline Santos, 29, a Jaque, conta que foi “expulsa do armário” na adolescência, quando a mãe da garota com quem ela se relacionava descobriu o namoro.

“Comecei a me identificar como bissexual aos 15 anos. Na verdade sabia que não era isso, mas ainda era bastante insegura e praticamente sem referências de mulheres lésbicas, então me identificava como bi. Tive um namoro na escola e a mãe dessa garota descobriu e ligou pra minha mãe. Foi bem caótico e traumático. Mesmo já ‘esperando’, minha mãe ficou super chateada. Ainda assim, ‘aproveitei’ a oportunidade e a partir daí me reconheci e identifiquei como mulher lésbica, aos poucos, em todos os espaços que ocupei e ocupo. São muitas lutas e novas construções que trazem novas identificações e entendimentos ao longo da nossa jornada”, expõe Jaque.

Jaque e Nay se conheceram há oito anos, na faculdade de Fotografia (hmm parece que temos um clichê sapatônico aqui) (Foto: Reprodução/Instagram)

A estilista Mareu Ayres, 26, e a designer de produto Duda Zacaro, 29, também se entenderam lésbicas na adolescência. Juntas há seis anos, elas se conheceram no Brenda, um aplicativo exclusivo para mulheres que beijam mulheres (que fez muito sucesso, mas não existe mais).

Entre coincidências e clichês, elas transformaram, com humor, experiências que já foram bem dolorosas.

Ressignificar

“Mesmo antes de me descobrir, já usavam a palavra ‘sapatão’ de uma forma pejorativa pra me provocar ou me ofender, mas só fui me entender como lésbica aos 18 anos. A partir daí, ressignifiquei a palavra sapatona, transformando-a em bandeira”, diz Duda.

Para Mareu, “entender o que é ser lésbica é simples: Basta ser uma mulher e gostar de outra mulher. Sendo assim, uma mulher que fica com homens cis ou trans pode ser bissexual, pansexual, mas não lésbica. E uma mulher que fica apenas com mulheres, sejam elas cis ou trans, é lésbica.”

E finaliza, cirúrgica: “Ninguém pode apontar o dedo e querer ‘medir’ quem é mais ou menos sapatão”.

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Sucesso nas redes, Armário de Saia é a dupla drag mais bombada do país http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/08/12/sucesso-nas-redes-armario-de-saia-e-a-dupla-drag-mais-bombada-do-pais/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/08/12/sucesso-nas-redes-armario-de-saia-e-a-dupla-drag-mais-bombada-do-pais/#respond Wed, 12 Aug 2020 07:00:43 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5191

Gregory Mhod, 25, e Wesley Araújo, 23, são o Armário de Saia, duo drag mais famoso do país (Foto: Reprodução/Instagram)

Dois anos atrás, numa brincadeira despretensiosa, os amigos GragWes ecidiram gravar um vídeo e postar no Facebook. Atores e cantores profissionais, com carreiras sólidas no teatro, especialmente em musicais, eles sabiam o que estavam fazendo.

Só não esperavam o retorno tão rápido da internet e uma ascenção vertiginosa ao sucesso.

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O começo

O primeiro vídeo teve 5.000 likes; o segundo, 35 mil; o terceiro, 55 mil e, hoje com mais 11 milhões de reproduções no YouTube, eles são dupla drag mais popular do país, a Armário de Saia.

Sorte com os algoritmos? Destino? Um toquezinho celestial? Talvez uma pitada de cada e, claro, muito trabalho.

“Nasci na igreja evangélica e sempre tive muito contato com a arte. Quando eu tinha 14 anos, fiz meu primeiro trabalho artístico remunerado. Todo meu sustento vem da arte, desde pequeno. Moro em Canela, no Rio Grande do Sul e, do lado, em Gramado, existe o ‘Natal Luz’ e outros espetáculos que sempre sonhei fazer e consegui, graças a muita persistência”, lembra Grag.

“Antes eu só fazia personagens, não agia como militante ativa. É muito doido ver a diferença entre ser um artista LGBT, e ser apenas um artista LGBT fazendo personagens que não são do nosso meio. Agora sobe no trio pra gritar a tua existência! Isso é muito legal”, reflete Grag (Foto: Reprodução/Instagram)

“Eu não nasci cantando. Não nasci bonita, com um dom. Desenvolvi a música e sempre fui ator antes de ser cantor. Meu pai, que é músico, nunca foi de me apoiar, de me incentivar. Inclusive, era o primeiro a dizer que tava desafinado, que tava ruim, que eu não servia. Hoje sou muito grato por ter usado todos os insultos dele como uma mola propulsora. E foi uma sorte, nem sempre acontece isso, às vezes as pessoas se frustram mesmo. Mas graças às circunstâncias, eu disse: ‘então tá, vou fazer 300% se for o caso!’”, recorda, sobre a infância e a adolescência na serra gaúcha.

A dupla tem mais de meio milhão de seguidores nas redes sociais (Foto: Reprodução/Instagram)

Liberdade

“Aos 18, acabei viajando pra Nova York. Passei numa audição pra fazer um conservatório off-Broadway lá. Fiz algumas montagens, fiz o Simba (do Rei Leão), aprendi inglês. Fiquei três meses. Foi onde me libertei”, entrega.

De volta ao Brasil, Grag e Wes estreitaram os laços de amizade trabalhando juntos na mesma companhia teatral. Os dois já se conheciam desde os 15 anos, mas tinham perdido contato.

Outra vida

“Eu sou cabeleireiro e maquiador, acabei tendo uma outra vida. Fui pra esse ramo de salão, casei… E quando fiz 18 anos de idade, entrei no espetáculo. Aí o Grag voltou, trabalhávamos pra mesma empresa, tínhamos vários amigos em comum e a gente começou a ficar mais próximo. Eu já tinha cantado na igreja, mas de forma amadora. Tenho cinco anos de carreira, de fato, com meu primeiro contrato assinado como cantor na companhia. Aí as coisas começaram a mudar. Comecei a buscar mais, a me reconhecer como cantor, me colocar dessa forma e me profissionalizar”, conta Wes.

“Pouco antes da quarentena gente tinha recém-lançado um clipe e tava chegando proposta de show, a gente tava fechando agenda… E daí, boom! Pandemia. A gente tá esperando pra voltar a viajar, pra gente fazer o nossos shows com músicas novas”, diz Wes  (Foto: Reprodução/Instagram)

Beyoncé e Liniker como inspirações

“Nos primeiros vídeos, ainda pro Facebook, a gente se maquiou de boy, de barba e tudo, bem non-binary, e gravou um cover da Beyoncé. A gente não era drag, isso é imporante. Até que a gente começou a endoidecer e fez um medley (junção de várias músicas em uma) da Liniker. A gente começou a entender que gostava de fazer medleys e sabia que isso chamava a atenção”, observa Grag, sobre os primeiros passos da dupla.

E completa: “Pra fazer o medley da Liniker, a gente botou flor na cabeça, chapéu… Bem non-binary também, porque na época a Liniker não tinha transicionado. E a gente se vestiu meio Liniker. E quandofez um medley de drag, a gente se vestiu de drag.”

A dupla em performance pra lá de quente (Foto: Reprodução/Instagram)

Assumidamente gays, Grag e Wes sempre falaram abertamente sobre o assunto, e se orgulham de serem referências como artistas LGBTQIA+.

“A gente era muito ingênua de não saber o que acontecia depois de construir um trabalho na internet. O que acontece? O que vem depois? A gente não sabia, então era tudo deslumbrante: os números, as coisas… Era uma sensação de garotinha farm girl do interior que se depara com milhares de pessoas vendo um trabalho que você fez. Aquelas gayzinhas, que foram rejeitadas na escola, sendo aceitas e as pessoas elogiando: ‘ai, lacre!’, ‘babadeiras!’, ‘incríveis!’. Com esse histórico de rejeição, é muito bom ouvir isso, é muito gostoso”, celebra Wes.

Ainda sobre a importância da representatividade, ele pontua: “O que me fez entender que estava fazendo algo impactante foi ver as pessoas fazendo coisas extremamente doidas pra estar perto da gente. Alguns fãs já viajaram vários estados pra ir num show nosso. A gente também recebe muitas mensagens de pessoas que contam que a vó viu a gente e falou: ‘olha essas drags cantando gospel, que legal!’ e isso  abriu a família para um diálogo sobre sexualidade. Isso é muito bacana.”

Produção durante a pandemia

Na quarentena, além de vídeos divertidos, como os desafios do TikTok, e lives para incentivar a permanência dos fãs em casa, a dupla não para de produzir. “A gente tá tentando não endoidecer, porque a quarentena afeta muito o nosso psicológico. Uma das coisas que a gente sempre fala quando dupla é isso, nos momentos mais difíceis que a gente passou, ao menos a gente não tava sozinha, tinha essa outra pessoa ali do lado. A gente tá vivendo um dia de cada vez, sim, porém mirando lá na frente”, contam.

Ver essa foto no Instagram

 

FALA VOCÊS!!! Qual Tipo de Cantor você é? Eu descobri que sou todos juntos e to preocupada hahahah❤️ #tiposdecantores

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Ângela e Willman, juntas há 25 anos: “A gente não tem o que esconder” http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/08/05/angela-e-willman-juntas-ha-25-anos-a-gente-nao-tem-o-que-esconder/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/08/05/angela-e-willman-juntas-ha-25-anos-a-gente-nao-tem-o-que-esconder/#respond Wed, 05 Aug 2020 07:00:54 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5172

“Tenho um grande amor há 25 anos e acho que será para sempre, até que um dia nos separaremos pra virar estrelinha. Eu me orgulho muito de ser lésbica”, afirma Ângela, à esquerda (Foto: Arquivo Pessoal)

“Sempre fui uma menina muito pacata. Com meus 15, 16 anos, eu não era muito de sair, de ir pra bailinho. Tive até a intenção de ir para um convento, mas minha mãe não deixou. Aos 17, tive meu primeiro namoradinho, mas nunca me apaixonei. Era um namoro meio diferente, eu não gostava que ele me tocasse. Eu era bem diferente mesmo”, recorda Ângela Fontes, de 68 anos.

“O que tá acontecendo com a gente?”

Auxiliar de enfermagem aposentada, Ângela conta que, durante a juventude, apesar de se sentir diferente das outras meninas, não tinha informações ou referências sobre sua sexualidade.

“Nunca tinha ouvido falar. Nem em novela, nem algum artista, e nem tinha amigas lésbicas. De vez em quando, via a minha irmã comentar que tinha mulher que era ‘mulher-macho’, mas eu não entendia o por quê. Ela falava que ‘mulher-macho’ era mulher que gostava de mulher. Na primeira vez em que fiquei com uma amiga, nós nos perguntamos ‘o que tá acontecendo com a gente?’”

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Esse primeiro beijo, numa colega de trabalho, só aconteceu aos 22 anos idade. E foi cercado de conflitos. “Eu era da Igreja Católica, ela também. Inclusive, ela tem um padre e duas freiras na família. A gente até tentou se separar, mas não teve jeito. Uma sentia falta da outra e a gente começou a sair novamente, como amigas. Depois foi acontecendo naturalmente”, revela.

Preconceito velado

“Naquela época, como tinha um preconceito muito velado, a gente não podia nem pensar em falar pra alguém. As coisas eram tão complicadas que nunca saíamos juntas pra trabalhar, nem pra passear. Eu saía com o carro e pegava ela depois de um quilômetro de distância do apartamento em que morávamos juntas, pra que ninguém do condomínio desconfiasse que vivíamos uma vida de casal”, entrega Ângela, sobre seu primeiro relacionamento.

Quando o primeiro amor, de descobertas, chegou ao fim, o destino fez com que os caminhos de Ângela e de Willman, que tinham sido colegas de trabalho há alguns anos, se cruzassem novamente. Desde então, há duas décadas e meia, as duas não se deixaram mais.

Wilmann: “Fui casada por 19 anos com um homem”

“Fui casada com um homem por 19 anos. Tenho duas filhas e uma neta, que é nossa paixão. Pras minhas filhas, Ângela é uma mãe. Minha neta chama ela de vó”, conta Willman Rocha, 73, auxiliar de enfermagem aposentada.

“A Willman é bem discreta, mas ela manda na vida dela e não acha que tem que dar satisfação pras outras pessoas. Ela me incentivou a ser mais aberta, a me mostrar mais” (Foto: Arquivo Pessoal)

Visibilidade Lésbica

No Mês da Visibilidade Lésbica, marcado pela luta de ativistas que promoveram o Primeiro Seminário Nacional de Lésbicas, o Senale, em 29 de agosto 1996, histórias como as de Ângela e Willman merecem ser celebradas.

“Quando você se descobre lésbica, você entra em conflito consigo mesma. Mas quando você descobre que é aquilo que você quer, que a sua sexualidade é aquela, você se sente feliz. Hoje não tenho mais medo de nada. Tenho um grande amor há 25 anos e acho que será para sempre, até que um dia nos separaremos pra virar estrelinha. Eu me orgulho muito de ser lésbica”, declara Ângela.

“Eu me sinto feliz em ser lésbica. Não fui feliz no casamento, com meu ex-marido, mas com a Ângela me sinto realizada em todos os momentos da minha vida. Eu me senti outra mulher”, derrete-se Willman.

Eternamente Sou

O casal integra a Eternamente Sou, uma ONG que desde 2017 promove eventos socioculturais e atividades de integração de idosos LGBTs na capital paulista.

Grupo Eternamente Sou na Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo no ano passado (Foto: Reprodução/Instagram)

“O Eternamente veio pra que a gente jogasse esse cadeado do armário fora e não pusesse jamais. Agora nós somos duas senhoras que passeiam na Avenida Paulista de mãos dadas e nos damos beijos, se estamos entre amigos. Não temos mais aquele medo do que vão falar ou vão deixar de falar. Na Parada do Orgulho do ano passado, com o grupo do Eternamente, fomos mais fotografados que o pessoal dos trios, porque saímos com as plaquinhas dos idosos. Tinha tanto jovem que vinha nos cumprimentar pela postura, por estar lá lutando por tudo o que a gente merece”, orgulha-se Ângela.

“Tire o seu preconceito do caminho, eu quero passar com o meu amor!” (Foto: Arquivo Pessoal)

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No Dia do Orgasmo, experimente o prazer sem culpa http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/07/31/no-dia-do-orgasmo-experimente-o-prazer-sem-culpa/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/07/31/no-dia-do-orgasmo-experimente-o-prazer-sem-culpa/#respond Fri, 31 Jul 2020 07:00:18 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5151

“Só 10% das mulheres têm uma ejaculação perceptível, ou seja, que dá pra ver. E, sim, pode ser uma quantidade bastante grande, entre 1 a 2 colheres, até meio litro”, conta a sexpert Tatí Presser

Roi! Já teve um orgasmo hoje? Ainda não? Quer ter? Calma, calma, eu explico. Hoje é Dia do Orgasmo, uma data criada há 21 anos por uma rede de sex shops britânica. A ideia deu tão certo lá, por ampliar o debate sobre o assunto (na época, uma pesquisa revelou que 80% das inglesas não atingiam o orgasmo durante as relações sexuais), que importamos e levantamos essa bola por aqui também.

Diferenças entre homens e mulheres

Psicóloga, sexpert e autora do livro “Vem Transar Comigo”, publicado pela Editora Rocco, Tatí Presser explica que os homens levam entre 2 minutos e meio a 5 minutos, em média, para atingir o orgasmo. Já as mulheres, podem precisar de 14 a 20 minutos para chegar lá. O motivo é fisiológico.

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“É uma diferença da nossa fisiologia, da nossa biologia. O que precisa acontecer é o homem aprender a retardar a ejaculação, porque esse tempo não é a ejaculação precoce, é a média. Ejaculação precoce é antes, durante ou até a primeira penetração, algo em torno de 1 minuto”, explica Tatí.

E continua: “É possível aprender a retardar a ejaculação através da masturbação. Tudo começa e acaba na masturbação. É ali onde você vai aprender a controlar o seu orgasmo”.

Sexo solo

A masturbação ou sexo solo é o principal caminho para o orgasmo, segundo a sexpert. “97% das mulheres, por exemplo, vão chegar ao seu primeiro orgasmo através da masturbação. É muito mais fácil pra mulher experimentar o orgasmo clitoriano do que o orgasmo via penetração. 80% das mulheres têm dificuldade de ter um orgasmo durante a penetração.”

“Pra mulher, a masturbação vai fazer com que ela aprenda a controlar o seu orgasmo e não precise, necessariamente, de um estímulo clitoriano constante para atingi-lo”, diz a sexpert

“Orgasmo na bicicleta”

Numa brincadeira no meu Instagram, perguntei quais foram os orgasmos mais marcantes que as pessoas já tiveram, e as respostas foram as mais divertidas (e inspiradoras) possíveis:

“Vale orgasmo só por estímulo no seio, no meio do cinema? Porque tive.”

“Andando de moto na estrada. Sozinha. A moto tremia, aí já sabe, né?!”

“Gozei umas cinco vezes usando o bico do chuveirinho durante o banho”

“Eu tenho orgasmo se estiver de pernas cruzadas e apertar em menos de 2 minutos”

 

“Já tive 21 orgasmos em um único dia. Foram umas 6 horas de sexo seguido.”

“Uma vez tive um orgasmo montando minha playlist de sexo no Spotify”

“Só fui descobrir que nunca tive orgasmos com as minhas ex quando tive um comigo!”

“Já tive 18 orgasmos num dia e, desses, 11 foram esguichando”

“Tive um orgasmo descendo pela rua de paralelepípedo de bicicleta”

Orgasmo: existe um passo a passo

Para a noooossa alegriiiaaaaaa a sexpert explica que existe, sim, um passo a passo do orgasmo. Tudo começa com o autoconhecimento, através da masturbação.

“Você precisa estar num lugar onde tenha privacidade e confiança de que ninguém vai entrar ‘do nada’. E pode se munir de lubrificante artificial, porque a gente pode estar superexcitada e, no entanto, estar ressecada. Cerque-se de todos os seus apetrechos. Veja um filme ou tenha outro estímulo, como um livro. Se possível, use um vibrador ou um bullet (brinquedo sexual). Tenha tempo e tranquilidade pra se explorar e explorar algumas fantasias. Esqueça a culpa. Tente realmente embarcar nessa onda sem se julgar. Tente gozar com a cabeça aberta, com a perspectiva de encontrar seu ser sexual, seus desejos, suas fantasias. Tudo isso é muito importante.”

Será que eu gozei?

“No processo de excitação, uma grande parte do sangue vai para a área genital, tornando-a mais sensível. Aí vão começar pequenos espasmos, até ter aquela grande contração no final. Ou você pode ter pequenas contrações e vários grandes espasmos entre essas pequenas contrações, que seriam orgasmos múltiplos”, ensina Tatí, sobre como reconhecer o próprio orgasmo.

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Ela contesta machismo no samba: “Pra que eu vou cantar Amélia?” http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/07/29/ela-contesta-machismo-no-samba-pra-que-eu-vou-cantar-amelia/ http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/2020/07/29/ela-contesta-machismo-no-samba-pra-que-eu-vou-cantar-amelia/#respond Wed, 29 Jul 2020 07:00:51 +0000 http://blogdamorango.blogosfera.uol.com.br/?p=5137

“Pra que eu vou cantar Amélia?”, contesta Anná, sobre clássicos machistas do samba (Foto: Merylin Esposi/Instagram)

Nascida em Mococa, no interior de São Paulo, Anná se mudou para a capital há cinco anos, para estudar cinema. De família evangélica, ela, que era impedida de ouvir músicas que não fossem louvores, cantava na igreja e quase se tornou pastora. Quase. “Me libertei na adolescência. Só podia música gospel, aí não aguentei. Como é que fica sem ouvir Gil nessa vida?”, brinca, em tom de desabafo.

Machismo no samba

“Quando cheguei a São Paulo, já sentia que rolava um estranhamento quando alguém cantava uma música com uma letra machista. Por exemplo, ‘Se essa mulher fosse minha, tirava do samba já, já. Dava uma surra nela, que ela gritava: Chega!’. Eu nunca vi essa música ser cantada em roda de samba. Uma vez eu não tava presente, mas sei que alguém cantou e foi muito tirado. A galera falou: ‘Tá louco, mano, de estar cantando isso aí? Pra que você tá cantando isso aí?!’”, relata.

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Anná estreou na cena paulistana em 2015, numa época em que as rodas de samba eram majoritariamente compostas por homens. “Não existia samba de mina, roda de samba de mulher. Existia um ou dois projetos, só. Se você é mulher e chega num ambiente que só tem homem, sempre é delicado, no mínimo. E existe essa coisa, não só no samba, na música, do lugar da mulher como cantora. A gente não tá junto com os músicos, a gente tá num outro lugar. Ou num pedestal, ou numa fossa.”

“Os caras acham que ficar falando como eu sou linda entra num… sabe? Essa coisa muito sutil do elogio que não é um elogio, que é uma cantada, um assédio” (Foto: Filipa Aurélio/Instagram)

“Pra que cantar Amélia?”

“Pra que eu vou cantar Emília? Pra que eu vou cantar Amélia?”, contesta Anná.  ‘Emília’, composta em 1940 por Wilson Batista e Haroldo Lobo, começa com ‘Eu quero uma mulher que saiba lavar e cozinhar, e que de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar’. Já ‘Amélia’, outro clássico também da década de 1940, exalta a mulher que ‘não tinha a menor vaidade’, e que por isso seria ‘mulher de verdade’.

“São valores que estão sendo derretidos, não fazem mais sentido. E se o cara canta hoje, é reprimido de alguma maneira. Tem muitas mulheres compondo sambas e, ao mesmo tempo, também tem alguns caras que tentam falar sobre. Tem casos de sucesso, como o do Douglas Germano, que fez a música que a Elza Soares gravou: ‘Cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180’. É o cara falando sobre uma coisa nossa, mas, e aí, ele não pode falar? Ou pode? Mas de que lugar ele fala? Acho que são discussões muito pertinentes”, afirma.

“Já vivi situações de estar lá cantando, entregando a minha alma, aí abri o olho e vi um músico falando pro outro: ‘Nossa! Olha essa gostosa que passou!’, saca?! E aí cê fica como?” (Foto: Merylin Esposi/Instagram)

O debate – extremamente necessário – entretanto, nem sempre gera resultados satisfatórios. “Tem uns caras que tentam falar, mas sai pela culatra. Tem um tiozinho que fez uma música que era assim: ‘Tira a mão da teta da menina, a teta dela não é uma buzina’. Não, amigo, não é por aí. Não é isso que a gente tá falando”, conta, rindo.

“Acho muito delicado esse lance do patrulhamento, mas o movimento que tá rolando é dos caras, amigos, virem perguntar: ‘Você acha que essa letra é machista? Acha que tudo bem eu cantar essa letra?’. É isso! Vamos discutir sobre isso ao invés de ‘não vamos cantar’. Não é censura, mas o que você tá cantando? O que você tá exaltando e como você tá colocando isso?”, pondera Anná.

“Nunca que vou falar de samba posso esquecer ou omitir esse lugar, de que foi uma mulher negra que fez esse movimento chamado samba tomar corpo, foram as mulheres negras que enfrentaram esse patriarcado, que foram pro front” (Foto: Filipa Aurélio/Instagram)

Protagonismo feminino e negro

“Quando a gente fala de samba, tem que falar do protagonismo da mulher negra. Quem criou o samba como a gente conhece, foi Tia Ciata. Uma mulher que abria a casa dela no Rio de Janeiro e, na frente, na sala, tinha chorinho; no fundo, tinha a macumba. O batuque comia solto no fundo do quintal e aí surgiu o samba, com essa mistura. Foram as mulheres negras que enfrentaram esse patriarcado. Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra que protagonizaram essa luta, que foram pro front, para que a gente pudesse estar aqui hoje”, lembra Anná, que em agosto lança um disco autoral com 11 composições. “Não é um samba. Começa um samba, depois vira um bagulho muito louco. É um álbum de colagem musical”, adianta.

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