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Sexo a três é mais comum entre casal hétero ou gay?

Angélica Morango

08/08/2017 04h00

Cena do filme Vicky Cristina Barcelona, um clássico sobre relação a três. (Foto: Divulgação)

 

Quando penso que já vi e ouvi de tudo, POW! Sou alvejada bem na cara pela realidade da vida como ela é.

Outro dia ouvi de um casal de amigas lésbicas, que uma briga por ciúmes que acabou com uma coleção de dildos arremessados pela janela. O motivo da confusão? Segundo a parceira enfurecida, não eram os brinquedinhos em si, mas o fato de eles terem sido usados pela namorada com uma ex.

Na minha cabeça fez sentido. Na do porteiro do prédio, que presenciou essa chuva de pintos de plástico, talvez não.

O episódio aconteceu no início do namoro das meninas. E terminou em sexo tórrido, claro. Transar depois de uma briga pode ser bem excitante, principalmente se a razão é boba. E elas estão juntas até hoje. São mais de 7 anos de união.

Morri de rir quando soube da tempestade de rolas. Mas fiquei confusa quando elas me confidenciaram que fizeram ménage à trois. E além de sexo, às vezes elas namoram a três.

Mais que surpresa com as revelações de um casal tão próximo, fiquei perplexa com esse "ciúme seletivo" que existe para algumas coisas e outras não.

Um tempo depois fiquei sabendo de um casal de amigos gays, juntos há mais de 10 anos, que eles também mantém o relacionamento aberto. Comecei a me sentir a mais inexperiente das criaturas!

Fiquei levemente desgraçada da cabeça. Como assim esses relacionamentos modernos tão próximos de mim?

Por que é que eu nunca namorei a três? Nunca fiz nem um ménaginho? Porque eu sou quadrada. E ciumenta. E possessiva. Acho que transar a dois é uma delícia, porém a três, não sei, temo que alguém fique sobrando. Mas não digo que dessa água não beberei.

Outro dia, enquanto tomava uma cerveja com um amigo hétero e conversávamos sobre essas coisas, ele contou que seu casamento, que também é longo, é aberto. Ele e sua mulher podem flertar e fazer sexo com quem quiserem, desde que o outro seja informado e dê o aval.

Aí ele me mostrou no celular um nude da última gata com quem transou. Na hora chegou uma notificação de mensagem no Whatsapp: era a esposa comentando como o personal trainer era gostoso e pedindo o consentimento pra flertar. Ele deu. Perguntei se não sentia ciúmes. E meu amigo, que já teve dois casamentos tradicionais, respondeu que dessa vez tudo é diferente: eles não se prendem a formalidades, mas que, como cúmplices e amantes, realizam seus desejos dentro e fora da relação, com o cuidado de se conquistarem todos os dias.

Por fim, cheguei à conclusão de que, na prática, eu sou a mais conservadora dentre os meus amigos, héteros ou não. E essa é a resposta mais próxima da exatidão possível pro questionamento levantado no título desse texto. Acho que amor, luxúria, cumplicidade, carinho, ciúme, desejo e possibilidades fazem – ou pelo menos deveriam fazer – parte de todas as relações.

Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!