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Quando lésbicas têm um crush pela amiga hétero, #comolidar?

Angélica Morango

23/09/2017 04h00

(Foto: Getty Images)

Eis um clássico. Você tem uma amiga linda, divertida e muito gente boa. Ela é inteligente e vocês fazem várias coisas juntas, mas tem um porém: ela é hétero, você não. Vocês saem, bebem, curtem altos rolês, mas na hora de ir embora cada uma volta para sua casinha. E você custa a dormir pensando nela. Aí vem o impasse: contar que você está apaixonada ou deixar quieto?

Você tenta se afastar para tirá-la da cabeça, ela manda mensagem perguntando o que está acontecendo. Sim, ela sabe que você curte mulheres, mas isso nunca foi um problema. Ela podia ao menos ser menos fofa, né? #comolidar

Eu tenho uma boa e uma má notícia. A má é que o crush por amigas heterossexuais pode se repetir várias vezes na vida. A boa é que essas paixonites podem se repetir – o que significa que elas passam, felizmente.

Já tive tantos crushes assim, que perdi as contas. Se apaixonar por uma hétero não depende da idade ou da descoberta como homossexual. Tem a ver com atração física, disponibilidade emocional, carência, confusão de sentimentos. A única diferença entre o que aconteceu pela primeira vez comigo, aos 15 anos, e na última, pouco tempo atrás, é a intensidade.

Na adolescência eu achava que ia morrer do coração. Chorava de alagar o travesseiro, acordava desfigurada, perdia a fome… E com o tempo a gente aprende que essa sofrência não leva à nada, a menos que a ideia seja fazer figuração na série "The Walking Dead".

Fiz uma enquete no meu Twitter perguntando por que gays se apaixonam por héteros e as respostas foram as mais variadas. Há quem se interesse pelo desafio da conquista. Há quem se encante por pessoas, independentemente da condição sexual delas. E tem gente que se mostra agradecida pelo fato de nunca ter se apaixonado por héteros. Não há uma regra.

Não existem "gays raiz" e "gays nutella", separados pelo poder que têm sobre seus sentimentos e suas experiências na cama. Existem gays, lésbicas, bissexuais, assexuais e tantas outras possibilidades. Ponto. E todos têm o direito de viver suas escolhas da maneira mais livre possível.

Sobre os meus crushes ht's, todos fracassaram miseravelmente. Mas conheço histórias de amor que começaram assim, a princípio incompatíveis, e estão dando certo. Acredito que tudo depende do que sentimos e do que nos permitimos passar. A sabedoria popular adverte: "Quando um não quer, dois não brigam", e eu imagino que essa máxima seja sobre briga, mas também valha pra beijo, né?

Se neste momento você anda suspirando por uma amiga hétero sua, tenho dois conselhos: arrisque, coloque as cartas na mesa. Ou foge que é uma cilada, Bino!

 

 

Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!