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O segundo encontro entre duas lésbicas já é com caminhão de mudança

Angélica Morango

14/11/2017 04h00

(Foto: Getty Images)

Tem uma piada, vinda do Vale dos Homossexuais, que diz que o segundo encontro de duas lésbicas já é com o caminhão de mudança. Mas o que podemos fazer, não é mesmo? Somos práticas e passionais, então juntar as escovas e dividir a cama e a vida é irresistível quando estamos apaixonadas…

Ela é linda e prepara um brigadeiro de panela das deusas! É intensa e cheia de predicados. Não tem como dar errado! Ou tem?

Dividir a casa seja com a namorada – ou qualquer outra pessoa desse mundo – demanda um acordo muito bem acertado. É extremamente importante conversar sobre a divisão das tarefas domésticas, assim como a das contas mensais. Todas. Do aluguel à internet, da feira à TV a cabo.

As louças não se lavam e os boletos não se pagam sozinhos, infelizmente. Se não há intimidade pra falar sobre isso, certamente não é o momento de morar sob o mesmo teto; se há, ótimo! Esses seis toques aqui vão fazer a diferença nessa fase.

Barato que sai caro

"Ah, mas a gente se ama, se dá bem, não faz sentido morar em casas separadas e pagar dois aluguéis!" Fundamentar essa decisão em uma justificativa financeira é construir um prédio sobre a areia movediça. E, se moram sozinhas, é preciso levar em conta que essa escolha implica ainda na perda da liberdade e da privacidade a que estão habituadas. Vale a pena?

Um, dois, três, testando!

Antes de comprar um carro fazemos um test-drive, certo? Pra ter a certeza de que o automóvel dos sonhos é, na prática, tudo aquilo que imaginávamos. Um "test-drive" da vida a duas é tão simples quanto. Antes de bater o martelo, passem mais tempo juntas. Faz um bem danado descobrir outras afinidades e aprender a lidar com as diferenças.

Não é a mamãe!

Não importa se a escolha por uma "namorida" acontece aos 20, 40, 80 anos de idade ou mais: não é porque nos estamos com uma mulher que vamos atribuir a ela o posto de nossa mãe. Nem de filha. Amor, carinho e cuidados podem e devem estar presentes em todas as relações humanas, mas nada de delegar a uma pessoa as funções e responsabilidades de outra.

Que seja a melhor amiga, mas não a única

É comum o casal gostar de fazer tudo junto, muitas vezes até abrindo mão de programas com outras pessoas e círculos sociais, mas é bom ter um pouco de cuidado: não é porque as duas adoram a companhia da outra que devem abrir mão da individualidade de cada uma, o que envolve amigos, profissões, hobbies entre outras coisas. Uma namorada pode ser a melhor amiga, mas que não seja a única.

A atual e a ex não são a mesma pessoa

Então, pelo amor do universo, nada de comparações! Nem em pensamento. Ficar imaginando que a Eduarda era assim e a Fernanda é assado, ou esperar que a Mary faça as mesmas coisas que a Ju fazia é um despautério, só vai criar expectativas que não vão se concretizar nunca e gerar conflitos. #PAS

Se amanhã não for nada disso…

O namoro estava fluindo, as duas se curtiam, mas ao juntar as escovas de cabelo a situação ficou embaraçada. Ela cansou de pedir pra você lavar a louça, como tinham combinado, e você descobriu que ela era muito negligente com as contas da casa. Calma. Conversar e expor os pontos de vista de cada uma é crucial neste momento, que deve acontecer com a disposição genuína de ambas. Se as mudanças necessárias não acontecerem, deem um passo para trás e voltem às suas casas – não por descrédito ao relacionamento, mas pela vontade de preservar a ligação que ainda não amadureceu o bastante; ou que amadureceu, sim, o suficiente pra mostrar que vocês precisam de mais espaço pra continuar juntas.

Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!