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Perder o tesão é normal? É, mas dá para reverter isso!

Universa

20/04/2018 04h00

Imagem: Gety Images

Perder a vontade de transar é comum, mais do que a gente imagina. Numa enquete rápida no meu Instagram, por exemplo, 400 pessoas afirmaram que já passaram pela situação, enquanto apenas 160 (aproximadamente 30%) responderam que nunca se sentiram desestimuladas ao sexo.

Quem respondeu que já perdeu o tesão uma – ou várias vezes – apontou motivos como cansaço, preocupação com o trabalho, dor durante o ato sexual e pressão no relacionamento. "Namorei por seis anos com um cara com quem eu não tinha orgasmos. Não o culpo, já que descobri que era um bloqueio meu – apesar de que ele era ruim de cama mesmo. Mas o responsabilizo por tratar a minha falta de vontade de transar como culpa só minha e nunca considerar que ele deveria fazer algo para resolver isso. Só de escrever me dá pânico de lembrar a sensação horrível de transar sem vontade!", contou Fernanda*.

 

Para Lívia*, a perda de interesse no sexo aconteceu porque ela não sentia reciprocidade na relação: "Quando você dá o seu melhor e ela não retribui, chega uma hora que você pensa 'Poxa, será que ela não quer? Por que não me procura? Por que eu tenho sempre que tomar a iniciativa?' Às vezes é difícil, parece que a pessoa não está em sintonia, que tanto faz ou tanto fez."

O que afeta o desejo sexual?

A psicóloga e terapeuta sexual Cida Lopes explica que o desejo nem sempre estará presente e esclarece as possíveis causas disso: "Fatores orgânicos como doenças e uso de medicações; emocionais como medo, insegurança e agressividade no relacionamento; ou mesmo culturais podem fazer com que percamos o desejo sexual pelo nosso par. O sexo entre os bichos é instinto, mas para nós, seres humanos, ele é aprendido. Levamos para nossas relações não somente os nossos órgãos sexuais, mas toda a nossa história, nossos sentimentos e nossas emoções".

A falta de libido da parceira tem preocupado Bia*, que namora há três anos. "Estou noiva da mulher mais linda que já vi, só que quando estou perto dela sinto um desejo enorme, mas ela não demonstra a mesma vontade. Como posso lidar com isso? Ela pode ser assexual? Eu a amo e falar desse assunto a magoa muito."

Bia não está sozinha. Letícia* também escreveu com uma dúvida parecida acerca do comportamento da namorada: "É normal a falta de vontade de fazer sexo por depressão ou aumento de peso? 'Tô' meio perdida com a minha parceira, acho que ela é assexual."

Perda de desejo x assexualidade

Dados recentes do Programa de Estudos da Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (ProSex-IPq) apontam que 7,7% das mulheres brasileiras e 2,5% dos homens, entre 18 e 80 anos, são assexuais. Entretanto, a perda momentânea de desejo sexual é diferente da assexualidade. "Assexualidade é quando a pessoa não tem interesse pela atividade sexual e isso não causa sofrimento para ela desde que sejam excluídos os fatores orgânicos, emocionais e culturais. Uma pessoa assexual pode ter amigos, ser afetiva e só não ter interesse pelo sexo. Para uma situação ser considerada um transtorno sexual, tem que ter a prevalência de no mínimo seis meses e trazer angústia e sofrimento pessoal. Ser assexual é viver bem e de forma tranquila sem o sexo fazer parte da sua vida", pontua a psicóloga.

Daniela* namora há seis anos e, destes, ficou dois anos sem sexo. "Aconteceu pela rotina, falta de empatia, desmotivação, conflitos de ideias e mudanças no corpo. Depois desse tempo houve uma briga muito séria e percebemos que não conseguíamos ficar longe uma da outra. Após muita conversa nos entendemos, voltamos à ativa e está sendo muito bom".

Conversar é preciso

"A partir da confiança é que temos liberdade para revelar nossos segredos. Com cuidado, podemos falar tudo. Diante da verdade, não abrimos espaço para criar histórias irreais e nos sentir rejeitados. O objetivo deve ser sempre melhorar a relação, não procurar quem tem mais razão", conclui Cida Lopes.

*Nomes fictícios para preservar a identidade das entrevistadas.

Cida Lopes é psicóloga, terapeuta sexual, escritora e palestrante (www.cidalopes.com.br)

Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!