Elas estão por trás das páginas de humor lésbico mais populares da internet
Sabe aquela pecha de que toda sapatão é mal-humorada? É mentira, e eu posso provar. Ellen Degeneres e Hannah Gadsby (que ganhou popularidade por aqui após o lançamento de seu stand-up na Netflix, o ótimo "Nanette") são dois ícones do humor e da representatividade lésbica – e elas não estão sozinhas. Pouco a pouco, as vozes das mulheres lésbicas e bissexuais ganham eco numa militância que, em memes e tweets, contam "dramas reais", arrancam sorrisos e fazem pensar.
O perfil Quartel 24, de onde veio a postagem que abre este texto, tem mais de 145 mil seguidores no Twitter. "A página foi criada em 2013 com o intuito de ser um espaço para as meninas lésbicas e bissexuais interagirem e divulgarem suas fotos", explica Caren, de Ribeirão Preto, que junto com Thays Melgaço, de São Paulo, administra o Quartel 24. Sobre o boato (despropositado) de que lésbicas são mal-humoradas, ela rebate: "pra quem sofre tanto, até que somos muito bem-humoradas!".
Pouco mais de um ano atrás, dei de cara com um meme… com a minha cara! Gritei (porque só li verdades)! E agradeci a homenagem. A publicação vinha da página Mundo Sapatônico, que foi criada em 2012, por uma publicitária de Fortaleza.
"Eu via muitas páginas gays de humor e informações no Facebook, mas nada do mundo lésbico, ou se tinha, era muito pouco. As inspirações vêm tanto de experiências minhas quanto de pessoas próximas. Transformei as 'tragédias' da minha vida amorosa em humor", revela Anne Oliveira, de 28 anos, criadora da página Mundo Sapatônico.
Criado em 2014, o Sac Sapatão, que hoje tem mais de 37 mil seguidores no Twitter, surgiu para "dar maior visibilidade e comentar os assuntos comuns a nós. Eu adoro fazer piada com o que coincide com situações que já vivi, como falar de ex e de rebuceteio", explica Lilie Lima Vieira, de Belo Horizonte, uma das três administradoras do Sac. A página, aliás, traz no perfil o rosto de Shane, personagem do seriado lésbico "The L Word", que marcou uma geração – se você está na casa dos 30 ou 40 anos, justamente a nossa.
"Eu sei o quanto é difícil ser lésbica e estar sozinha. Às vezes eu gosto de falar que estou disponível pra poder conversar com as moças que precisam. Muitas vêm pedir conselhos e até mesmo ajuda. Esse espaço que temos é ótimo pra isso", explica Débora Souza, 24, de Brasília, do Sac Sapatão.
"Importante ressaltar que o foco é humor, mas quando é necessário falar sério a gente fala. Como o caso da Marielle Franco e outros casos de lesbofobia que a gente fica sabendo. Quando a gente posta sobre ela aqui, muita menina vê pela primeira vez. Acho que isso rolou com 'Nanette', muita gente não viu ainda porque simplesmente não chegou até a pessoa ou ela não teve interesse por ser assunto de uma humorista lésbica, e não com o G estampado que domina esse mercado audiovisual", expõe Karen Fragua Freire, 24, do Sac.
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