“Como me assumir bissexual pra minha mãe, que acha que sou lésbica?"
Quem já saiu do armário uma vez sabe que esse é um dos momentos mais difíceis da vida de uma pessoa LGBTQIA+. De um lado, pesa o medo da rejeição. Do outro, pulsa a liberdade. Não há um manual de instruções que nos prepare, nem nenhuma previsibilidade sobre a reação da família. Tudo pode acontecer.
Aproveitando essa moda dos chás de revelação do sexo dos bebês, bem que podiam naturalizar os chás de revelação de sexualidade. Quando a gente se sentisse à vontade pra falar sobre o assunto, reunia todo mundo, estourava um balãozinho e… pow! Bem mais fácil.
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Enquanto a realidade não é tão lúdica, a gente faz o que dá. E isso significa se inspirar nas histórias de quem já se assumiu e, depois, iluminar os passos de quem deseja trilhar o mesmo caminho.
A primeira saída do armário a gente não esquece. E a segunda?
Se sair do armário uma vez demanda todo esse esforço e coragem, imagine sair duas. Sim, você não leu errado. Nesta semana eu recebi um pedido de ajuda pelo Instagram: "Como me assumir bi pra minha mãe que acha que sou lésbica? Sempre me relacionei com mulheres. Anos atrás, quando contei pros meus pais, foi bastante turbulento. Hoje, minha mãe aceita e meu pai respeita, por isso tenho medo de dizer que estou num relacionamento com um homem e que estou gostando dele.".
Eu tenho grande amiga que já viveu essa experiência. Mais que uma relação de amizade, tenho pela Sassá uma imensa admiração. Em 2010, a Sassá, que é a ilustradora Samantha Reis, e a jornalista Roberta Salles, a Rô, criaram o Dedilhadas, um canal no YouTube feito por lésbicas e para lésbicas que foi um tremendo sucesso – e um bálsamo para quem tinha pouco ou nenhum acesso a esse tipo de conteúdo.
"Minha sexualidade não seguia a heteronormatividade"
O que não dava pra imaginar anos atrás é que um dia a Sassá se apaixonaria por um homem, o Brunno. "Meus pais receberam com naturalidade. Meu irmão ficou surpreso, mandou um 'PERA, O QUÊ?'. Mas foi mais complicado pras pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+", entrega.
Sassá conta que desde criança se sentia diferente das outras meninas, e nunca seguiu padrões heteronormativos. "As minhas Barbies ficavam entre si. Eu não colocava o Ken pra casar com ninguém. Aqui em casa sempre foi tudo muito tranquilo. Quando meu irmão começou a se interessar por coisas sexuais, minha mãe ia até a banca de jornal e comprava revista de mulher pelada pra ele. E aí eu roubava as revistas dele. Lembro até hoje de um dia que a gente tava brigando, meu irmão e eu, e a minha mãe apareceu. Ele reclamou que eu roubava as revistas de mulher pelada dele, e a minha mãe: 'Meu Deus! Desculpa, Sa, eu nunca perguntei se você queria'", diverte-se.
Dica de ouro: sondagem
Pra Sassá, que saiu do armário duas vezes publicamente (primeiro se assumindo lésbica, depois bissexual), se abrir sobre o assunto pode sacudir alguns conceitos, mas vale a pena. A sugestão é ir devagar.
"É possível que a mãe agora tenha uma expectativa muito pesada depois de passar por todo um processo interno para entender que a filha é sapatão. E, de repente, a menina nem é sapatão, é bi. Deve dar uma bagunçada na cabeça dela, acredito. Talvez a mãe imagine que seja só safadeza, pode ter tudo isso no meio do caminho. Mas se eu achasse que meus pais não fossem aceitar, ou alguém da minha família, ia começar a jogar informações assim sobre os outros, pra ver como ia ser o rolê. Começa a contar de algumas amigas que são bissexuais e vê o que a mãe acha", aconselha.
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