Professor universitário e drag queen, ele faz sucesso ensinando política
Professor universitário, podcaster, drag queen e youtuber, Danilo Lima Carreiro – um sucesso nas redes – desafia o óbvio, fala sobre política e não tem medo de polemizar.
"Nadar contra a corrente sempre foi e ainda é cansativo", afirma ele. "Primeiro, viver num mundo heteronormativo. Depois, ser drag e enfrentar as regras da ideologia de gênero vigente. E, agora, desafiar o status quo e o que tem pela frente nesse ultraconservadorismo. Eu existo e resisto fazendo e aprendendo política e tendo cada dia mais consciência de classe. Muitas vezes temi o julgamento da sociedade, isso me tolhia. Hoje, livre dessas amarras, eu só espero que outres possam se livrar também", expõe.
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Danilo estreou seu podcast, o Hora Queer, em 2016. Dois anos mais tarde, sentiu a necessidade de produzir algo ainda maior – e é aí que a Dimitra Vulcana surge no YouTube.
"No podcast, eu só falava sobre LGBTs. Comecei a perceber que abordar somente essa pauta tinha certos limites. Descobri que isso na verdade era até um projeto liberal pra gente ficar ali, somente rondando essa pauta e não avançar com outras. O canal nasceu dessa ideia de fazer com que a Dimitra fale mais."
Desconstrução e criação
Formado em administração, com mestrado e doutorado em ciências da saúde, no YouTube Danilo é Dimitra Vulcana, a Doutora Drag. "A drag queen veio a partir de um processo de desconstrução do Danilo, que se sente confortável em ser gay e assumir sua identidade homossexual. Foi um longo processo, mas que começou como uma pequena brincadeira de Carnaval. Eu percebi que existe uma potencialidade na voz dela pra poder falar sobre assuntos mais sérios", explica.
Fazendo análises políticas com boas doses de humor, Dimitra Vulcana já conquistou mais de 50 mil seguidores nas redes, e não para de crescer. "O canal é como uma trajetória pessoal das minhas próprias leituras, dos meus estudos, e eu levo isso de forma acessível pra galera."
Amplas frentes
Neste, que é o Mês do Orgulho LGBTQI+, o professor pontua que houve grandes avanços no Brasil, como a legalização do casamento e a adoção por pessoas do mesmo gênero, mas faz um alerta: nenhuma conquista está garantida. "São como migalhas que nos são dadas, e essas migalhas fazem parte de um projeto de manutenção do poder. É importante que LGBTs entendam esse contexto anticapitalista pra também se inserir dentro da luta LGBT aliada à luta antirracista, à luta feminista, e assim ter mais avanços no que se diz ser antifascista."
"Ser antifascista é também ser anticapitalista"
"As pessoas LGBTs precisam se politizar além da pauta LGBT, que também é uma pauta linda, a ser defendida em conjunto com outras pautas. Não é uma coisa anulando a outra. As pessoas na internet têm mania de ser muito dicotômicas: ou é uma coisa ou é outra. Mas, na verdade, a gente pode trabalhar com amplas frentes. É isso. Ser antifascista é também ser anticapitalista, não tem como não ser."
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