Aceite: você nunca terá certeza se é bom de cama
Angélica Morango
04/01/2018 04h00
(Foto: Getty Images)
Quando a gente aprende a transar, a gente quer transar muito porque é bom. Depois a gente quer transar muito para mostrar que a gente é um arraso na cama. E um dia a gente descobre que não era aquilo tudo entre lençóis, que existem pessoas melhores. Aí bate uma deprê fodida quando aquele ex-crush começa a desfilar por aí com um sorriso que parece muito mais iluminado que antes, porque está de romance novo.
Afinal, como podemos ter a certeza de que beijamos bem? De que somos uma delícia na cama, como já ouvimos algumas vezes? Quem falou mentiu? Mentiu por quê? Querendo a parte mais especial do nosso sexo ou do nosso coraçãozinho? Nunca saberemos.
Mentiras sinceras me interessam
Todo mundo age por impulso alguma – ou milhares de vezes – na vida. Em quantas ocasiões dissemos "tô morrendo de tesão" e não morremos? Quantas vezes sussurramos "eu te amo" entre quatro paredes pra alguém, depois repetimos com a mesma emoção e intensidade pra outras pessoas?
Podemos acreditar em meias verdades ou na verdade inteira de um momento. "Momento", que por definição léxica, é: "espaço de tempo indeterminado, geralmente breve; instante". É preciso maturidade para aprender a saborear momentos ao invés de flertar com a eternidade e a infinitude que não existem.
Sexo é bom, mas além dele há outras coisas igualmente maravilhosas e desafiadoras. A faculdade, a pós-graduação, uma possível mudança de carreira aos 30 ou aos 40, a compra da casa, a venda do carro. Além do sexo existem as amizades, os animais de estimação, o trabalho voluntário e todas as viagens que ainda não fizemos.
Sexo é bom, mas tem também…
No Twitter, um dos lugares na internet onde mais se tira onda da vida, há milhões de piadas sobre sexo. Me divirto com as que falam que quem gosta de filme pornô é adolescente, que adulto gosta mesmo é daqueles vídeos mostrando incríveis descascadores de frutas e legumes em ação; que adolescente é que gosta de sexo, adulto gosta mesmo é de encontrar a casa limpinha.
Risadas à parte, eu adoro filmes de sacanagem e do piso da cozinha brilhando e exalando aquele perfume de lavanda. Pequenos prazeres. Sou meio adolescente e meio adulta. Minha idade está entre os 16 e os 86.
Num de seus célebres poemas, "Mundo Grande", Carlos Drummond de Andrade escreveu: "o grande mundo está crescendo todos os dias, entre o fogo e o amor. Então, meu coração também pode crescer. Entre o amor e o fogo, entre a vida e o fogo".
Ardamos na fogueira das paixões, não das vaidades.
Sobre a autora
Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.
Sobre o blog
Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!