17 de maio: Dia Internacional de Combate à LGBTfobia
Universa
17/05/2018 14h27
Fobia, no dicionário, significa medo exagerado; falta de tolerância; aversão.
No cotidiano de quem é LGBT, essa fobia mata. No Brasil, país que mais vitima LGBTs no mundo, um assassinato violento é cometido a cada 19 horas.
Essa repulsa desmesurada também faz com que nos matemos: um estudo recente feito com estudantes gays, lésbicas e bissexuais norte-americanos mostra que esses adolescentes têm risco até sete vezes maior de tentar o suicídio que os heterossexuais.
O dia de hoje é emblemático porque 28 anos atrás, em 17 de maio de 1990, o termo "homossexualismo" deixou de figurar na lista de doenças da OMS (Organização Mundial de Saúde). Desvincular orientação sexual de distúrbio mental representou um importante avanço na ampliação da cidadania de pessoas LGBTs na maior parte do mundo. Na maior parte. Em 72 países, a maioria na Europa oriental, Ásia e África, a homossexualidade é criminalizada com penas que variam de prisão à morte.
No Brasil, ainda há quem diga "homossexualismo" e considere enfermas as pessoas que não se encaixem no padrão heteronormativo. Tecnicamente estamos no século XXI, mas convivemos com comportamentos primitivos e bárbaros de linchamento e incineração aos que ousam ser diferentes.
No ano passado, a travesti Dandara Kethlen foi espancada até a morte por 12 homens – que filmaram toda a ação – em Fortaleza. Recentemente Matheusa, a estudante carioca que se definia como não-binária (nem homem, nem mulher) desapareceu após uma festa na Zona Norte do Rio de Janeiro no fim de abril. Seus restos mortais foram encontrados carbonizados pela Polícia que, em comunicado, afirmou que investiga a autoria do crime. Segundo o GGB (Grupo Gay da Bahia), mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, apenas 10% das ocorrências resultam em abertura de processo e punição dos assassinos.
Travestis e transexuais não são aberrações. Bissexuais não são indecisos. Lésbicas não são lésbicas por "sem vergonhice". Gays não são gays porque "apanharam pouco" na infância. Enquanto houver intolerância estaremos condenados. Não há uma solução mágica capaz de provocar mudanças instantâneas na cultura e no comportamento de uma nação; mas acredito no poder do diálogo, da educação, do respeito e, sobretudo, do amor.
Sobre a autora
Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.
Sobre o blog
Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!