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"Paguei o doce e não comi a mina": não seja esse babaca

Universa

20/11/2018 17h00

"Paguei o doce… e não comi a mulher" (Foto: Reprodução/Vinheteiro)

Eu tava tranquila e serena no sofá quando uma postagem absurda no Twitter saltou aos meus olhos.

"Esse doce custou R$ 29,50. Paguei o doce da mina que tava comigo, mais um café e uma água. Com o serviço, gastei R$ 95… E não comi a mulher. Agora me diga o que é melhor: jogar vídeogame ou sair com essas mina lacradora?"

Se a opção "desver" existisse, eu a teria usado. A autoria do acinte é de um cara que eu conheço, já entrevistei e até admirava como artista. Dono do maior canal de música instrumental do país, ele tem mais de 3 milhões de inscritos no YouTube e outras centenas de milhares de seguidores em diferentes redes sociais. Aos 38 anos de idade, Fabrício André Bernard Di Paolo, o "Vinheteiro", é, inegavelmente, um influenciador – o que não o descredencia como um babaca.

"Paguei o doce… e não comi a mulher"

O desaforo machista recebeu uma chuva de críticas, mas também de comentários favoráveis. Ao invés de se retratar, o músico manteve a postura, reclamou de feministas e "mimimi" e ainda escreveu "Quer docinho? Se você é tão empoderada, pague o seu, sua parasita!", entre outras provocações, repercutindo o assunto dias depois da primeira postagem.

"Quer docinho? Se você é tão empoderada, pague o seu, sua parasita!", repercutiu o músico, três dias após a primeira publicação sexista (Imagem: Reprodução/Twitter)

O feminismo, numa explicação para que qualquer criança entenda

Acho importante explicar que feministas lutam pela igualdade entre mulheres e homens, o que, entre outras coisas, justamente desobriga o homem de pagar a conta sozinho. Criticar as mulheres, especialmente nesse contexto, revela, para além de uma incapacidade cognitiva, a dificuldade de ligar lé com cré.

Quando uma criança de três anos ouve um "não" e faz birra, se joga no chão e esperneia, eu entendo, ela está em processo de formação. Mas não tenho a mesma condescendência com um adulto que se comporta da mesma maneira. Acho preocupante, inclusive. Pensando nisso, trago aqui uma listinha com informações bem básicas:

9 ponderações para não ser um babaca

1) Nem todo date vai terminar em sexo.

2) Quem aceita um convite para sair não está, necessariamente, pensando em transar.

3) Pagar uma refeição não torna ninguém sexualmente irresistível.

4) Algumas pessoas são broxantes – não seja.

5) Quem fala em "comer uma mulher" é broxante porque, basicamente, sequer entende que sexo é troca.

6) Nem tudo na vida acontece como queremos.

7) Ninguém morre por levar um fora.

8) Quando levar um fora, supere.

9) Maturidade, inteligência, educação e bom humor são algumas características afrodisíacas. Cultive-as.

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Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!