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Morango

Tem dias que a gente só quer ter um orgasmo (mas não qualquer um)

Universa

27/11/2019 04h00

"Chocolate pra mim é como um orgasmo", disparou Britney Spears (por quem já tive um crush fortíssimo) anos atrás, numa afirmação que se imortalizou. Ela não estava errada. Chocolates e orgasmos ativam neurotransmissores ligados às sensações de prazer e bem-estar, e por isso são tão viciantes. Mas um chocolate a gente consegue em qualquer boteco de esquina, e um orgasmo? Bem, existem chocolates e CHOCOLATES; orgasmos e ORGASMOS.

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O brigadeiro de uma padaria terá um sabor; o de outra, outro. Um brigadeiro de lata, por sua vez, é completamente diferente de ambos e daquele que a gente faz com três ingredientes (leite condensado, chocolate em pó e manteiga). Aliás, eu nem precisava citar todos esses exemplos, poderia ter ficado só no último: já reparou que quando a gente tá sozinha em casa e faz brigadeiro de panela ele tem um gosto, mas se preparamos a quatro mãos dando uns beijos na boca e lambendo a colher debaixo das cobertas ele fica muuuito melhor? Pois é. A sensação de prazer não é alimentada só pelo paladar, mas por todo o contexto. Com orgasmos não é diferente.

Fome de…

O clitóris, com suas 8 mil terminações nervosas, tem uma única função: dar prazer. E o que nos dá prazer? Bem, isso a gente consegue descobrir da mesma forma com que chega à opinião sobre o chocolate preferido, ou seja, experimentando.

Lembro que quando eu era adolescente, um dos meus maiores medos era morrer sem saber o que era um orgasmo. Era um medo meio besta, mas real. Aprendi a me masturbar seguindo as dicas de uma revista feminina que sugeria o estímulo do clitóris com os dedos, com a ponta do travesseiro e com a duchinha do chuveiro. As descobertas dessa época me mudaram pra sempre. Minha curiosidade estava parcialmente respondida. Sim, porque depois eu desejei ardentemente saber como era gozar com alguém – e é aí que começa a parte mais difícil.

Engole ou cospe?

Dar ou comer é fácil. Gozar gostoso, nem tanto. Porque pra dar ou comer basta ir a qualquer boteco de esquina (como quem vai comprar chocolate). E se a preguiça estiver gritando, não é preciso nem pôr os pés na rua, é só gastar alguns minutos num aplicativo de relacionamento e escolher no que basicamente é um extenso cardápio de pessoas.

Há um abismo entre foder e fazer amor. Eu adoro brigadeiro de panela com os três ingredientes que citei há pouco, e acho incrível dividir um com quem também gosta assim. Aplacar o tesão com uma companhia eleita às pressas pode colocar na cozinha alguém que faça um brigadeiro de feijão, de batata doce ou de biomassa de banana. Nada contra, inclusive já provei, mas sigo com o meu preferidinho lá.

Pegar sem se apegar é muito mais fácil hoje que duas décadas atrás, quando eu era a adolescente que não queria morrer sem ter tido um orgasmo. Atualmente, a dúvida que me perturba é outra: será que existe o amor da vida?

Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!