“Paz, amor e respeito. É isso que a gente quer”
O domingo nublado e frio em São Paulo se encheu de cores e de calor humano na 22ª edição da Parada do Orgulho LGBT+, que tomou a Avenida Paulista e seus arredores. Sobre trios elétricos, nas ruas e nas redes sociais, milhões de pessoas manifestaram apoio à causa exigindo respeito e tolerância, e celebrando a diversidade.
A vida pede coragem. Respirar o amor aspirando liberdade. As famílias que não acolhem seus filhos gays estão erradas. Não há dogmas que sejam mais importantes que o amor – Daniela Mercury, cantora.
Hoje passei na Parada LGBTI+. São Paulo não tem lugar para qualquer tipo de preconceito – Bruno Covas, prefeito de São Paulo.
Me enche de esperança poder ver meus amigos livres para abraçar e beijar, para usar os trajes que querem, para se exercerem como são, com dignidade! – Regina Volpato, apresentadora.
A história da Parada no mundo
Na maior cidade do Brasil, o evento, que busca dar visibilidade à comunidade, gerar tolerância e inclusão social, acontece há pouco mais de duas décadas; mas historicamente a luta LGBT+ contra a repressão é bem mais antiga.
"Em 28 de junho de 1969, reuniu gays, lésbicas e transgêneros em Nova Iorque, mais precisamente no bar Stonewall Inn, num grande ato contra a violência policial, que ocorria rotineiramente. Os protestos se estenderam por três dias e foram marcados por confrontos muito violentos, onde manifestantes e policiais saíram feridos. O ato foi bastante significativo para a causa LGBT, principalmente levando em conta o contexto histórico. Os gays eram extremamente marginalizados, e isso não ocorria de forma velada", é o que explica Márcio Krauss, historiador e mestre em Filosofia.
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Memória e representatividade
"O movimento ganhou força, cara e representatividade, no Brasil e no mundo. E o contexto cultural da pós-modernidade deu abertura para a pauta da liberdade sexual, evidentemente a partir de muitas batalhas, onde inúmeros tabus foram e continuam sendo quebrados. Nessa perspectiva, a Parada do Orgulho LGBT+ continua crescendo, pois a mobilização continua sendo emergencial e o grito do movimento faz com que a sociedade ouça sua voz", pontua Krauss.
Para Cinthya Lima, filósofa com pós-graduação em Ética, a Parada do Orgulho LGBT+ é "mais que uma manifestação cultural, ela é carregada de sentido, memória e identidade. Em seu contexto, explicita-se mais que políticas por garantias jurídicas, ela vem plena de pertencimento, e é socrática: um grito de si para o mundo. No entanto, é um grito que ecoa vozes de toda historicidade de opressão, um grito híbrido, transcendendo vivências, e, acima de tudo, orgulho por dizer 'não' ao mundo e 'sim' a si mesmo".
"Ninguém nasce com o preconceito implantado na cabeça"
No Instagram, navegando pelas tags #ParadaSP e #OrgulhoLGBT, dei de cara com a postagem abaixo, que arrebatou meu coração: "Comemorando três meses do melhor sorriso do mundo, no dia nublado mais colorido que poderia existir. E esse neném veio contar que ninguém nasce com o preconceito implantado na cabeça." Essa é a legenda da foto do @incrivelrick, esse bebezinho fofo, filho do casal Paola Lopes e Nicolas Godoy. <3
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