O amor é resistência: quando duas mulheres se assumem, encorajam outras
Alice Braga e Bianca Comparato. Vitória Strada e Marcella Rica. Camila Pitanga e Beatriz Coelho. Em comum, além da profissão, as atrizes assumiram os namoros recentemente e causaram furor nas redes. Afinal, estaríamos diante de um êxodo heterossexual? Uma debandada em massa para o lado colorido da força?
Vivemos um momento inédito. Sair do armário é um ato pessoal, político e, sobretudo, necessário.
Comigo, aconteceu a conta-gotas. Aos 15, beijei a primeira menina. Com 16, me assumi para os amigos e familiares mais próximos. Só aos 24 me senti segura para tornar isso um fato público. "Ah, mas quem é que quer saber se uma mulher beija mulheres ou homens?". É, num mundo ideal essa informação seria totalmente irrelevante. Mas ainda não chegamos lá.
Anteontem, vibrei com a notícia sobre a Alice e a Bianca. Quando duas mulheres se assumem, encorajam outras a fazerem o mesmo.
Um dia depois, li que cinco amigas foram atacadas em um parque de diversões em São Paulo porque, segundo os agressores, elas "pareciam homens".
Como mulheres, não temos sossego. Sendo mulheres não-heterossexuais, muito menos. A carga é duas vezes mais pesada.
Veja também:
- 10 perguntas que você sempre quis fazer a uma lésbica (e eu respondo)
- A maldição da lésbica presa à ex é real?
- Eu, bissexual: "mulheres acham que sou hétero; homens, que sou lésbica"
Precisei de 20 anos pra me entender e me aceitar por completo. E, sim, estou falando exclusivamente da minha sexualidade. É que desde criança a gente ouve que tudo o que diverge da heteronormatividade é errado, pecado e feio. Esse preconceito introjetado fez com que eu me sentisse a pior pessoa do mundo durante muito tempo e tentasse, desesperadamente, compensar isso de todas as formas possíveis, já que eu tinha nascido "com defeito". Estava tudo errado – e não era comigo.
Em pleno 2020, o presidente da República critica livros didáticos. Declara que são "um amontoado de coisa escrita". Sua ministra, Damares Alves, num discurso igualmente obtuso, propõe que os jovens simplesmente deixem de fazer sexo para evitar a gravidez precoce. É uma ode à ignorância sem precedentes. Aliás, há precedentes, sim. Em regimes totalitários.
Diante do obscurantismo, o amor é resistência.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.