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No amor não há certezas, mas pra compartilhar as incertezas há amigos

Angélica Morango

20/07/2018 19h11

Aproveitei o Dia do Amigo para refletir sobre o que tenho aprendido com os meus. E pensei bastante sobre o fato de muitos casais de amigos terem terminado seus relacionamentos nos últimos meses, de um ano pra cá.  Acompanhei de perto a dissolução de três relações: um namoro, um noivado e um casamento, e descobri que, sim, é possível estar há anos com alguém e não demonstrar comprometimento. Isso acontece quando um ignora o que é fundamentalmente importante para o outro.

Ex-casados

Um casal de amigos meus, gays, morava junto há sete anos. Eles dividiam a casa, a cama, a vida. Trabalhavam na mesma empresa e viajavam muito juntos. A família de um deles sabia sobre sua homossexualidade e seu namoro; a do outro, não, apesar de seus 40 anos de idade. Cansado de ser apresentado como "melhor amigo", o que era abertamente assumido deu um basta.

Ex-namorados

Um casal heterossexual não tem que lidar com esse tipo de questão, mas isso não torna a jornada a dois menos desafiadora. Mesmo que aparentemente haja muito em comum, alguns descompassos, mais sentidos no íntimo da relação, acabam vindo à tona quando a história chega ao fim.

Ele traía porque não sentia que seus desejos sexuais eram respondidos. Ela, que nem sabia das traições, terminou porque a partir de um determinado momento a vida profissional dos dois começou a trilhar caminhos opostos.

Ex-noivas

Depois de quase dois anos juntas, minha amiga terminou com a noiva para colocar um ponto final na história de abuso emocional que estava vivendo. Durante o primeiro ano tudo foi mágico, recíproco, feliz. Então vieram os pedidos para a abertura da relação, a realização de fantasias com outras pessoas, os insultos… O sexo, que segundo ela era muito bom, rendeu alguns meses de fôlego ao noivado, que sucumbiu à toxicidade do convívio fora das quatro paredes do quarto.

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Quando uma relação acaba, o que fazer com o amor, as lembranças e as expectativas que não se concretizaram? Aliás, como ter a certeza de que o fim é definitivo se em tantas outras vezes houveram reconciliações? Antes do término de cada história, uma miríade de dúvidas. Ao fim, tristeza, luto e pesar – por mais que as postagens nas redes sociais às vezes teimem em dizer o contrário.

As lições que aprendo com meus amigos e suas relações são tão importantes quanto minhas experiências pessoais. Conhecer histórias tão próximas não me imuniza ao fracasso. Os relacionamentos que tive e não deram certo, tampouco. É preciso admitir erros e imperfeições e seguir em frente. No amor não há certezas, mas para compartilhar as incertezas da vida existem os amigos.

Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!