Ele faz pornô machista; ela, pornô pra mulher
Dez anos atrás o carioca Fábio Carvalho, que à época tinha 26 anos, era supervisor de vendas do setor de telecomunicações. Decidido a mudar radicalmente de profissão — e favorecido pela pinta de galã bad boy –, Carvalho se tornou Brad Montana, um dos atores pornôs mais celebrados do segmento adulto nacional, com mais de 200 filmes e inúmeros prêmios como ator e diretor no currículo. "Meu primeiro contato com a indústria me desapontou. Naquela época, eu não sabia sobre os bastidore, via com um certo glamour. Idealizei algo especial e não teve nada de mais. Não havia demanda de trabalho para um novato como eu, e parecia impossível viver exclusivamente da carreira de ator. Mas isso serviu para plantar a ideia de que era possível produzir sozinho, de forma independente", conta ele, que há dois anos lançou seu próprio site, em que disponibiliza suas produções através de um sistema de assinaturas.
"Quero ter o site de sexo explícito mais visitado do Brasil"
Para ter acesso a todo o conteúdo do site por 30 dias, é preciso desembolsar R$ 29,90. Vídeos com poucos minutos são disponibilizados gratuitamente. "A tendência é que em dois anos, no máximo, o meu seja o site de sexo explícito mais visitado do Brasil. Preparo teasers de 5 a 10 minutos com resultados expressivos. Um deles teve 10 milhões de visualizações em um mês. Está sendo feito um trabalho muito consciente pra chegar no topo. É pra lá que a gente tá indo", crava Brad.
Cachê: homens recebem metade
Apesar de não revelar os valores dos cachês, ele explica que as atrizes ganham duas vezes mais que os atores, apesar de afirmar que seus filmes são, sim, machistas. "Embora meu pornô seja machista, o poder de escolha cabe às mulheres, ou seja, elas decidem comigo o modelo da cena, se tem anal, se vai ser gang bang etc, e peço pra fazerem somente o que se sentirem bem. Como isso é alinhado previamente, todos chegam no dia já sabendo o que vai ser. Muitas vezes o roteiro é só isso, em parte considerável das minhas obras não há história. Descobri que meu talento é o sexo, especificamente a foda mesmo", revela Brad, que não atua mais. "Mesmo sendo meu (filme), eu não consigo relaxar. Me irrito com o câmera, acho que tá me filmando de um modo feio", entrega, aos risos.
"Pornô pra mulher"
Popular nas redes sociais – para se ter uma ideia, só no Instagram ela tem quase meio milhão de fãs –, a diretora gaúcha Bruna Ferraz, 37, que atuou em filmes adultos por nove anos, agora se dedica exclusivamente aos bastidores. "O mercado busca produções diferentes, tanto na questão estética, quanto no enredo, por isso tenho trabalhado as situações reais e cotidianas nos meus filmes, onde as pessoas possam se enxergar. Meus filmes, embora adultos, têm mais de um terço de história, ou seja, são focados no entretenimento, principalmente feminino. É um pornô pra mulher. Valorizamos muito a fotografia, o cenário, e as histórias sempre têm foco no empoderamento feminino e na valorização da mulher. Ela nunca é mostrada como objeto. Busco trazer um novo olhar para o mercado, valorizando atrizes e atores. Quero que o segmento tenha o glamour que tem no exterior e nunca teve aqui no nosso país, onde sempre foi discriminado. Meu desafio é trazer entretenimento para o público, não só sexo", explica ela, que assina dois filmes.
Com ideias e estilos de direção opostos, Bruna Ferraz e Brad Montana têm uma característica marcante em comum: a cautela, especialmente para orientar quem sonha em ser porn star. "Eu não daria um conselho para convencer alguém a entrar no pornô. Cada um tem direito de buscar a sua felicidade. Algumas escolhas podem gerar consequências desagradáveis, então é importante medir previamente isso. Por exemplo, tem filho? Mora em cidade pequena? Tem apoio de quem?", pondera Brad. "É um segmento complicado. No Brasil, infelizmente, as atrizes ou ex-atrizes, no meu caso, continuam com o rótulo que a sociedade aplica, e algumas pessoas insistem em te tratar como objeto. Isso é uma das principais coisas que luto contra", expõe Bruna.
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