Topo

Morango

A maldição da lésbica presa à ex é real?

Universa

13/11/2019 04h00

É. E se você é lésbica e não passou por isso, não está sendo sapatão direito. Ter uma paixão mal resolvida é como ter sentido um crush pela amiga hétero ou amar o lookzinho camisa xadrez e All Star: tão clichê quanto real. "Ah, mas um crush pela amiga hétero e um outfit não transformam uma mulher em lésbica". Verdade. A carteirinha do clube Siga Bem Caminhoneira só é emitida para a mulher que, além dessas premissas, sabe de cor todas as músicas da Ana Carolina ou do duo Anavitória – dependendo da geração a que pertence. Brincadeiras (com fundo de verdade) à parte, vamos ao assunto principal.

Como lidar com um passado que está assombrosamente mais presente que nunca?

Uma das minhas melhores amigas terminou um longo relacionamento há alguns meses e desde então estava na pista pra negócio. Entrou no Tinder, deu umas paqueradas no Instagram, e começou a sair com uma menina com quem revelou ter uma química absurda. Um dia, quando estavam tirando a roupa, o "Amor" da menina ligou. Assim, com "A" maiúsculo e foto sorrindo. E tudo o que a minha amiga desejou foi que o chão se abrisse para que ela pulasse no buraco e sumisse dali. Na manhã seguinte, em casa, depois de acordar com uma ressaquinha moral, ela deu de cara com uma declaração de amor da menina à atual no Facebook. "Como assim??? Ela disse que essa era uma ex! Olha, eu não sou obrigada a passar isso, vou bloquear!", desabafou no telefone comigo.

Quando a gente se entrega e o relacionamento não dá certo, experimentamos uma série emoções que são bem próximas do luto, essa dor que nos corrói quando sofremos uma perda significativa. E então, o que fazer? Fechar os olhos e fingir que nunca aconteceu ou olhar para o passado tentando enxergar só a parte ruim pra ter a sensação de que passou por um livramento? Nem uma coisa, nem outra.

A primeira estratégia é uma negação; a segunda, uma espécie de negociação. Juntas e alternadas com raiva, depressão e aceitação elas compõem as cinco fases do luto, pelo qual passamos frequentemente, em maior ou menor intensidade.

Às vezes desejamos tanto que o relacionamento dê certo que ignoramos, de propósito, todos os sinais negativos que estão ali, piscando em neon vermelho alertando sobre o perigo. E o perigo nem sempre está do outro lado – pode estar lá atrás, no nosso próprio passado.

Veja também:

Por que sapatão parcela o término do namoro em 24x no carnê?

"Eu era hétero até me apaixonar por outra mulher"; veja quatro relatos

O que querem as lésbicas

Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!