A maldição da lésbica presa à ex é real?
É. E se você é lésbica e não passou por isso, não está sendo sapatão direito. Ter uma paixão mal resolvida é como ter sentido um crush pela amiga hétero ou amar o lookzinho camisa xadrez e All Star: tão clichê quanto real. "Ah, mas um crush pela amiga hétero e um outfit não transformam uma mulher em lésbica". Verdade. A carteirinha do clube Siga Bem Caminhoneira só é emitida para a mulher que, além dessas premissas, sabe de cor todas as músicas da Ana Carolina ou do duo Anavitória – dependendo da geração a que pertence. Brincadeiras (com fundo de verdade) à parte, vamos ao assunto principal.
Como lidar com um passado que está assombrosamente mais presente que nunca?
Uma das minhas melhores amigas terminou um longo relacionamento há alguns meses e desde então estava na pista pra negócio. Entrou no Tinder, deu umas paqueradas no Instagram, e começou a sair com uma menina com quem revelou ter uma química absurda. Um dia, quando estavam tirando a roupa, o "Amor" da menina ligou. Assim, com "A" maiúsculo e foto sorrindo. E tudo o que a minha amiga desejou foi que o chão se abrisse para que ela pulasse no buraco e sumisse dali. Na manhã seguinte, em casa, depois de acordar com uma ressaquinha moral, ela deu de cara com uma declaração de amor da menina à atual no Facebook. "Como assim??? Ela disse que essa era uma ex! Olha, eu não sou obrigada a passar isso, vou bloquear!", desabafou no telefone comigo.
Quando a gente se entrega e o relacionamento não dá certo, experimentamos uma série emoções que são bem próximas do luto, essa dor que nos corrói quando sofremos uma perda significativa. E então, o que fazer? Fechar os olhos e fingir que nunca aconteceu ou olhar para o passado tentando enxergar só a parte ruim pra ter a sensação de que passou por um livramento? Nem uma coisa, nem outra.
A primeira estratégia é uma negação; a segunda, uma espécie de negociação. Juntas e alternadas com raiva, depressão e aceitação elas compõem as cinco fases do luto, pelo qual passamos frequentemente, em maior ou menor intensidade.
Às vezes desejamos tanto que o relacionamento dê certo que ignoramos, de propósito, todos os sinais negativos que estão ali, piscando em neon vermelho alertando sobre o perigo. E o perigo nem sempre está do outro lado – pode estar lá atrás, no nosso próprio passado.
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