"Você já comeu alguém de cinta?"
Universa
01/12/2018 05h00
Quinta-feira, 3 e meia da tarde, estava escrevendo sobre desventuras amorosas quando recebi uma notificação de mensagem no zap. "E aí, doidera! Tranquila? Enquete entre amigas: você já comeu alguém de cinta?". Eu não consegui voltar ao trabalho, por motivos óbvios.
O tipo de pergunta pra nunca mandar por engano no grupo da família. A propósito, todas responderam que sim, curtem usar – mas isso não é uma regra.
Sim, já comi
É bom? É, é diferente. Já usei pra fazer amor, já usei pra descarregar raiva… E já fiquei louca de ódio uma vez, ao ouvir um "vou comprar um pau maior pra usar em você" – enquanto um já estava sendo usado. Um maior? Oi??? Acho que foi a afronta mais perturbadora que ouvi na cama. O que era pra ser excitante teve efeito foi contrário. Então rebati, sem pensar duas vezes: "Compra, sim, mas se não for pedir muito, me faça gozar naquela posição que eu gosto e você nunca conseguiu". Xeque-mate. Acabava ali a paz de um fim de semana romântico na serra.
Sexo é bom até quando é ruim? Não acho. Amor ou putaria? Ambos, desde que o casal esteja na mesma sintonia, ou pode ser péssimo. Transei, com a cinta, diversas vezes com a mesma pessoa, antes e depois desse episódio tenebroso. E ela conseguiu me fazer gozar naquela que era a minha posição preferida, a de encaixe, mais conhecida como "tesourinha" (prefiro "face to face", acho mais íntimo, fofo, sei lá).
Mudança de hábito
Comentei que "era" a posição que eu mais curtia porque foi mesmo, durante anos. Tive alguns namoros longos, outros nem tanto, mas as vontades na cama sempre tinham sido muito compatíveis. Nesse relacionamento, especificamente, não. Então senti um misto de vontade e necessidade de experimentar umas coisas diferentes. Aí vieram as cintas, os vibradores, as posições mais ousadas. Redescobri os meus limites e passei a entender que as pessoas são diferentes e podem mudar a qualquer momento – o que faz com que preferências não sejam caixinhas lacradas, mas de surpresas.
Você provavelmente já sabe, mas não custa lembrar:
1) Existem cintas e consolos de diversos tamanhos, formatos e materiais – tocar os produtos antes da compra faz toda diferença.
2) Use camisinha durante as relações. Vai penetrá-la? Use. Ela vai penetrar você? Troque a camisinha. Vai usar nela novamente? Troque de novo. Sempre. (Protege e lubrifica.)
3) Limpe antes e depois de usar, cada dobrinha. Os fabricantes recomendam água e sabão neutro. Há também produtos específicos para este fim. Seque bem com papel toalha ou um pano limpo e guarde em lugar adequado, longe do sol.
4) Se o relacionamento acabar, o que fazer com o "espólio"? Bem, aí você decide. Certa vez uma amiga fez uma chuva de pinto.
Leia também:
Você é ativa, passiva ou total flex?
O segundo encontro entre duas lésbicas já é com caminhão de mudança
Mães fora do armário: histórias (e dicas) para quem quer dar esse passo
Sobre a autora
Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.
Sobre o blog
Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!