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Lésbica, feminista e militante: um mergulho em Gabriela, do BBB19

Universa

10/01/2019 10h28

Gabriela Hebling (Foto: Reprodução/Instagram)

"Meu nome é Gabriela, sou de Ribeirão Preto, mas nascida em São Paulo. Trabalho com designer gráfico, com fotografia, com música profissional: eu toco percussão e canto. Eu sou adotada, minha família inteira sou eu, minha mãe e minha irmã. Minha mãe é mulher solteira, ela lutou a vida inteira, ainda mais por ter uma filha negra e uma filha branca, né?! A minha maior qualidade é não ter preguiça das coisas. Sou uma garota que batalhou muito e vai continuar batalhando muito nessa vida", é assim que Gabriela Hebling, de 32 anos, se apresenta no VT de chamada do Big Brother Brasil. Os participantes foram anunciados nessa quarta-feira (9).

Lésbica, feminista e militante, Gabriela se impõe 'eu, mulher negra, resisto e me empodero' e também se desvela em seu Instagram  que é pura representatividade. Foi lá que encontrei sua biografia, em uma postagem visceral e emocionante, escrita três meses atrás:

Adoção e infância

"Nasci como uma estrela solitária, com a alma ferida entre braços que queriam me dar amor, outros que choravam pela minha ida. Sou fruto de uma mãe que aguentou tudo e desistiu e de um pai ausente na vida dela, desculpado pelo patriarcado. Logo criança identifiquei essas dores e a minha cabecinha ficava matutando esse processo. Não foi fácil e ainda não é… acho que todo mundo precisa fazer terapia. A minha sorte foi por ter tido um encontro lindo de almas, pelo zelo e cuidado de minha mãe. Agradeço a essa leoa por ter me proporcionado o real significado da palavra amor."

Gabriela e a mãe (Foto: Reprodução/Instagram)

"Nunca me achei bonita porque a sociedade me dizia que eu não era"

"Me descobrir negra não foi nada fácil. Tive que ser firme e foi um processo de descoberta (identidade individual) inicialmente doloroso e depois libertador. Nunca me achei bonita porque a sociedade me dizia que eu não era, mas criei algumas formas para ser enxergada como indivíduo. Por mais que eu tirasse notas boas, fosse saudável e inteligente, uma sensação de inadequação me perseguia. Por muito tempo me escondi por trás das minhas tranças coloridas, com vergonha de mostrar meu cabelo natural – inclusive por anos minha mãe não viu. Era a palhaça da turma, chefe dos paredões da escola, a dançarina, a magricela que causava, a menina que vocês conseguiram embranquecer. Como ninguém me fazia me sentir segura, criei as minhas artimanhas sozinha e silenciei para a minha mãe", revelou Gabriela.

"Não baixo a cabeça pra mané algum" (Foto: Reprodução/Instagram)

Por fim, ela desabafa e afronta: "A vida de uma mulher preta não é fácil. Fomos obrigadas a ser fortes e esse é o peso que carrego diariamente e lutarei sempre. Não baixo a cabeça pra mané algum. 'Eu, mulher negra, resisto e me empodero'".

Em tempos de um cenário político que de tão surreal parece brincadeira, poder torcer por alguém consistente como Gabriela será um alento. BBB acima de tudo, Boninho acima de todos!

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Sobre a autora

Ana Angélica Martins Marques, a Morango, é mineira de Uberlândia, jornalista, fotógrafa e DJ. É também autora do livro de contos Quebrando o Aquário. Passou pela décima edição do Big Brother Brasil e só foi eliminada porque transformou o temido quarto branco no maior cabaré que você respeita. É vegetariana e cuida de três filhos felinos: Lua, Dylan e Mike.

Sobre o blog

Um espaço para falar de amor, sexo, comportamento feminino e feminismo com leveza e humor. Tudo sob o olhar de uma mulher esperta, que gosta de mulheres tão espertas quanto ela!