“Minha namorada quer ficar com outras mulheres. E agora?”
Já passava das 10 da noite quando recebi o pedido de conselho no Instagram. Lembrei imediatamente de um dos memes mais marcantes de 2019: "Parece ironia querer viver um amor no século da putaria".
Tudo isso na semana que começou com a Sharon Stone sendo bloqueada num aplicativo de relacionamentos. A conta dela foi denunciada por usuários que acreditaram se tratar de um perfil fake. "Como assim, a Sharon Stone caçando date em app??" Ela tentou no Bumble. Uma semana atrás, instalei o Hppn. Não tá fácil pra ninguém. E existe um motivo.
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"Modernidade Líquida"
O conceito de "Modernidade Líquida" ou "Pós-Modernidade" que vivemos, descrito por Bauman, versa sobre a incerteza que temos do futuro e a fluidez das relações. Uma coisa leva fatalmente à outra. Inseguros, somos encorajados a viver o presente como se não houvesse amanhã. Buscamos resultados imediatos. Estabelecemos e desativamos conexões com a mesma facilidade com que ligamos e desligamos o wi-fi.
Nos aplicativos, nas redes sociais ou em encontros informais, as pessoas se apresentam, falam sobre suas preferências e contam algumas histórias. O problema é que essa primeira impressão que temos de alguém é muito mais idealizada do que real. Por atração, carência ou pelo desejo desesperado de encontrar um par, nos atiramos voluntariamente em armadilhas. Ao invés de usar o senso crítico e ir devagar, nos sabotamos. É um filme que a gente já viu mil vezes, mas teima em acreditar que neste remake o final será diferente. Será?
O que fazer?
Não sei há quanto tempo a Marcela* (nome fictício para proteger a identidade da moça que me escreveu) está com a namorada. Essa informação não muda o fato mais importante, que é: elas estão em sintonias diferentes. A parceira deseja ter experiências com outras mulheres; a Marcela, não. O que fazer?
Não existe só um caminho, nem uma solução óbvia. Há muitas possibilidades. Abraçar a fantasia da namorada é uma; tentar dissuadi-la, outra. Abrir o relacionamento ou encerrá-lo de vez são opções tão diametralmente opostas quanto igualmente coerentes.
Quando é difícil definir o que queremos, basta determinar o que não aceitamos, de jeito nenhum, e escolher por eliminação.
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