Os donos desses belos bumbuns fazem tudo juntos: malham, trabalham e dormem – sim, na mesma cama, uma king size. "É grande, mas até sobra espaço", revela Jonas Nenneman. Ele, Fábio Júnior Floriano e Gilmar Fernandes são um trisal, um "casal de três".

Parceiros no amor e nos negócios, eles, que são cabeleireiros, administram um salão de beleza e uma boutique. Além disso, dividem o financiamento de um carro e da casa em que moram em Joinville, Santa Catarina.

"Eu e o Gilmar nos encontramos há 12 anos, numa balada LGBT, e não nos largamos mais. O Jonas conhecemos em um aplicativo, há três anos", lembra Fábio, que considera os dois maridos ciumentos: "eu lido bem com a situação". Os três afirmam que o relacionamento não é aberto, entretanto, se estiverem juntos, ficam com outras pessoas. "Acontece da gente ir pra balada e ficar com uma pessoa, mas só se estivermos juntos, separados não acontece", afirma Gilmar.

"Essa é a minha primeira experiência como trisal, nunca tinha nem saído com duas pessoas ao mesmo tempo. Já tinha recebido convites, mas nunca aceitei. Quando nos conhecemos, comecei a dormir com eles uma vez por semana, depois duas, três… Aí não queriam mais que eu fosse embora!", recorda Jonas, que em maio deste ano criou o perfil @3nuncaédemais no Instagram, onde expõe a rotina do trio com muitas fotos de viagens, treinos na academia, beijos e cafés na cama.

Três nunca é demais?

O assunto está sendo abordado em "Segundo Sol", novela das nove da Globo. Na trama, a policial Maura (Nanda Costa) tinha um relacionamento com Selma (Carol Fazu) até se apaixonar por Ionan (Armando Babaioff), seu colega de trabalho. Após um período de desentendimentos, os três decidem morar juntos, num enredo ao estilo do romance "Dona Flor e Seus Dois Maridos". No folhetim, Maura namora Selma e Ionan. Já o policial e Selma, pelo menos por enquanto, não se envolveram romanticamente. Para Fábio, "a TV brasileira aborda com polêmica, mas é válido".

A história da novela não é a mesma vivida pelo trisal catarinense. Assumidamente gays, eles destacam a cumplicidade como principal benefício da relação a três. "A melhor parte é que a gente nunca tá entediado. Quando um não quer fazer uma coisa, já tem o outro pra fazer. É mais fácil ajudar nas despesas, arrumar a casa. A gente sai junto, é mais prazeroso", conta Jonas. "Você nunca tá sozinho, sempre tem alguém com você. Sendo um casal, nem todo mundo quer fazer sexo. Tendo mais um, faz com um, faz com o outro… Isso é muito legal", apimenta Gilmar. "A gente tem ciúmes de pessoas de fora, entre a gente não tem", explica ele.

Medo do futuro

"Sobre Jair Bolsonaro, não sei nem o que dizer. Muitas pessoas pensam que o Brasil precisava de uma mudança, eu também acredito, mas não tão radical. Não sei se ele é a pessoa ideal pra estar ali. Eu tenho medo, sim, do que pode vir pela frente", relata Jonas.

"A gente não esconde de ninguém"

"A gente pensa em ter filhos, mas não agora. Seria quando estivéssemos mais tranquilos, com mais idade e com a casa paga, um carro bom. Agora a gente é muito jovem, gosta de festa, não tem como. Três homens trabalhando conseguem dar uma vida muito boa pra uma criança, né?!", reflete Gilmar, que tem 30 anos. Fábio tem 33, e Jonas, 26.

"Mês passado completaram três anos que a gente vive como casados. Eu fui o último a entrar na relação. Toda nossa família, amigos e clientes sabem e respeitam. Meus pais os tratam como se fossem filhos, a gente vive passando o fim de semana na casa deles, é bem legal. A gente não esconde de ninguém, até porque a gente não tá fazendo nada errado, só tá vivendo a nossa vida", pontua Jonas.

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